sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Sobre a descoberta dentro de Quéops

Físicos de diversos países, principalmente franceses e japoneses, utilizaram a técnica de muografia para analisar diferenças de densidades no interior da Grande Pirâmide de Khufu (conhecida também como pirâmide de Quéops) e chegaram a uma descoberta impressionante: uma espécie de vazio acima da chamada "câmara da rainha" e da "grande câmara".  

A grande pirâmide de Khufu, que abriga... (Divulgação)

... uma grande região vazia acima da grande câmara, já conhecida dos egiptólogos (ScanPyramids)

A muografia ou tomografia por espalhamento de múons utiliza dois ou mais detectores de múons, partículas subatômicas com capacidade de penetração consideravelmente maior do que os raios-X. Ao longo da trajetória, os múons colidem com as moléculas dos materiais, denunciando a presença de espaços vazios. Esta técnica é não invasiva, ou seja, eles preservaram integralmente a estrutura da grande pirâmide. 

Segundo a publicação, o tamanho do "vazio" seria comparável ao de um avião de porte médio, como um Boeing 737 (cerca de 30 m). 

A descoberta e a técnica utilizada foram publicadas na revista Nature, ontem (ver AQUI para os assinantes [1]). 

Antes, a muografia foi empregada para vasculhar o interior de pirâmides maias (ler AQUI [2]) e do reator danificado em Fukushima após a grande catástrofe de 2011 (ler AQUI [3]). Uma versão pioneira foi testada para examinar a pirâmide de Khafra (ou Quéfren), em 1960 [2]. 

Esta descoberta gerou mais especulações acerca da construção da Grande Pirâmide e das outras, questionando o senso comum, segundo o qual as pirâmides seriam túmulos dos faraós. Também volta a alimentar teorias segundo as quais estas estruturas incríveis seriam construídas por entidades extraterrestres ou por exímios arquitetos do antigo Egito. Aumenta, portanto, o fascínio por esta construção antiquíssima, com cerca de 4.500 anos. 



[1] Discovery of a big void in Khufu's Pyramid by observation of cosmic-ray muons, vários autores, Revista Nature (2017). 

[2] Imaging Maya Pyramids with Cosmic-ray Muons (2007). 

[3] Imaging the core of Fukushima Reaction with muons, Los Alamos National Laboratory (2013). 


N. do A.: Esta técnica levou a outras ideias jocosas, entre as quais descobrir o interior de outras edificações, como aquelas cujo endereço é a Praça dos Três Poderes, de Brasília. 

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