quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Os feitos da tua história, Grêmio

Hoje foi o dia da final no torneio mais badalado das Américas, a Copa Libertadores.

De um lado, o time da casa, o Lanús, líder do grupo 7 (o mesmo da Chapecoense*), que enfrentou o boliviano The Strongest e os compatriotas, San Lorenzo e o poderoso River Plate, em uma campanha sólida na sua melhor campanha da História. Mostrou ser um time perigoso e digno da escola argentina de futebol.

De outro, o Grêmio, que sofria com um jejum de 21 anos sem ganhar um campeonato de grande monta, com a exceção honrosa da Copa do Brasil no ano passado. O último Brasileiro foi ganho em 1996, ainda na era do "mata-mata", contra a Portuguesa, embora em 2013 fosse vice na edição conquistada pelo Cruzeiro. Na Libertadores, ganhou duas vezes, mas os títulos foram já algum tempo: 1983, após vencer o Peñarol do Uruguai, e 1995, contra o Atlético de Medellin (último vencedor). Nesta edição, foi líder do grupo 8 e enfrentou o argentino Godoy Cruz, o carioca Botafogo e o equatoriano Barcelona de Guayaquil.

Na Arena do Grêmio, 1 a 0 do time gaúcho, gol de Cícero. Falou-se muito mais de outros detalhes, típicos de uma competição notória pela malandragem: drone espiando o Lanús, marra do técnico Renato Gaúcho, reclamação do Grêmio pelo pênalti não marcado na final e pela suspensão do experiente zagueiro Kannemann - o terceiro cartão amarelo "doeu" no tricolor gaúcho porque ele é argentino e já foi campeão da Libertadores pelo San Lorenzo, em 2014. Também houve um clima de guerra entre torcidas e a briga por causa da presença do difamado Hector Baldassi como assessor internacional do certame - contrariando o próprio estatuto da Conmebol, pois ele, além de sua fama de tendencioso e histriônico, ainda é argentino, a mesma nacionalidade de um dos times. 

Sob o clima tenso, foram jogar na "Fortaleza" do Lanús, em Buenos Aires. O time gaúcho mostrou por que é chamado de "time copeiro" e não deixou o time da casa mandar no jogo. Fernandinho abriu o placar. E o astro do Tricolor gaúcho, Luan, ampliou. O Lanús queria marcar um gol para repetir o jogo feito contra o River Plate, no mesmo local: estava perdendo de dois mas fez quatro. Não conseguiu. No segundo tempo, o Lanús voltou melhor, Jaílson cometeu pênalti e José Sand converteu. Para piorar, Ramiro foi expulso. Contudo, o time portenho não conseguiu aproveitar as chances, e Luan quase fez outro. Cinco minutos de acréscimo. Garrafas jogadas pelos torcedores da casa. Nenhum lance polêmico para o árbitro de vídeo decidir - desta vez, ao contrário do jogo de ida, não houve motivo. E nada conseguiu evitar o que parecia incerto até horas antes do jogo.

 O gol de Luan, responsável pela conquista. Ele já foi medalha de ouro na Olimpíada e provavelmente jogará na Copa (do Youtube, canal SF Comps)

O Grêmio conquistou o tricampeonato.

Primeiro brasileiro a segurar a taça mais cobiçada da América desde 2013, quando o Atlético-MG foi o vencedor.

Vai disputar o Mundial de Clubes e, quem sabe, enfrentar o poderosíssimo Real Madrid.

Renato Gaúcho ganhou a Libertadores como jogador em 1983 e agora como técnico, após ter "batido na trave" como treinador do Fluminense em 2008, quando comandou nomes como Thiago Silva, Thiago Neves e o mesmo Cícero que fez o gol da vitória gremista na semana passada, compartilhando com eles o trauma de perderem a taça no Maracanã. 

Consagrou-se o time de Luan, Marcelo Grohe, Geromel ("Capitão América"), Arthur, Bruno Cortez, Cícero e outros, que não esquecerão o dia 29 de novembro de 2017.


N. do A.: Hoje também é o aniversário da tragédia que dizimou o time da Chapecoense. Um time tão heróico como o gremista, que se reergueu apesar de tudo e conseguiu feitos como o Campeonato Catarinense. Conseguiu a permanência na Série A e ainda mantém a esperança de disputar a próxima Libertadores (embora as chances sejam bem reduzidas, a uma rodada do final do campeonato). A dor das famílias das 71 vítimas, porém, persiste, e nenhuma indenização, nem se reunisse o orçamento de todos os clubes de futebol do mundo, poderá recompor as perdas. E nada de punição para a LaMia, a companhia aérea responsável pela tragédia.

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