Hoje é o dia da Consciência Negra, feriado em algumas cidades, entre as quais São Paulo. Este blog não vai entrar em muitas digressões a respeito, e vai se concentrar num aspecto social de um país onde a mentalidade escravista deixa sequelas nas nossas mentes até hoje: a pouca representatividade dos negros em profissões fora do conceito artístico ou esportivo, quando não em empregos onde se exige pouca qualificação (e mal remunerados), como garis e domésticos. Isso quando eles não engrossam as filas de desempregados.
Um artigo da BBC mostra os negros passíveis de maior estudo (clique AQUI). Destaque para alguns nomes dentro do contexto desta postagem:
- Milton Santos (1926-2001), baiano de Brotas das Macaúbas, um dos maiores geógrafos do Brasil, professor na USP e autor de mais de 40 livros; doutor honoris causa nas universidades de Buenos Aires, Barcelona, Madri e Toulouse. Defendeu o pensamento crítico e o desenvolvimento social, não se prendendo meramente ao aspecto racial.
- Abdias do Nascimento (1914-2011), paulista de Franca, deputado e senador pelo Rio de Janeiro, atuante na luta contra a discriminação racial; defendeu a data de 20 de novembro, morte de Zumbi dos Palmares, como feriado; morreu com quase 100 anos, vitimado pela diabetes.
- André Rebouças (1838-1898), baiano de Cachoeira, engenheiro, autor de obras para abastecimento de água no Rio de Janeiro e construtor da estrada de ferro entre Curitiba e o Porto de Paranaguá, enfrentou a discriminação racial num país ainda escravista, e foi ativista pela causa da abolição; monarquista, exilou-se após a proclamação da República, e, sofrendo de depressão na ilha da Madeira, cometendo suicídio.
- Teodoro Sampaio (1855-1937), baiano de Santo Amaro da Purificação, teve grandes dificuldades na juventude, durante a vigência da escravidão, mas soube superá-las; engenheiro e geólogo, contribuiu para os estudos topográficos do país; ajudou a fundar a Escola Politécnica da USP em 1930.
- Escritores afrodescendentes consagrados, como Lima Barreto (1881-1922), o autor de Triste Fim de Policarpo Quaresma e Clara dos Anjos, livros sempre requisitados nos vestibulares; Carolina Maria de Jesus (1914-1977), autora de Pedaços da Fome; e o maior de todos, Machado de Assis (1839-1908), autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro e O Alienista.
Não foram citados na reportagem (segundo o site A Cor da Cultura):
- Luís Gama (1830-1882), baiano de Salvador, jornalista e escritor, abolicionista e ex-escravo;
- José do Patrocínio (1853-1905), fluminense de Campos dos Goytacazes, jornalista e ativista político, combateu a escravidão e a ditadura do Marechal Floriano Peixoto;
- Benedita da Silva (nascida em 1942), carioca, foi governadora do Estado do Rio de Janeiro entre 2007 e 2010, pelo PT;
- Raimundo de Souza Dantas (1923-2002), sergipano de Estância, diplomata, por méritos próprios se tornou embaixador na Argentina em 1976, durante a ditadura;
- Oliveira Silveira (1941-2009), historiador, também defendeu o dia 20 de novembro como dia para ser comemorado pelos negros.
Estes foram apenas parte dos negros que se destacaram na História do Brasil, sem incluir os esportistas como Pelé, Adhemar Ferreira da Silva e Rafaela Silva, ou artistas como Grande Otelo, Dona Zica ou Lázaro Ramos.
N. do A.: Ontem, muitos se destacaram negativamente. Primeiro, os candidatos à "Vergonha Nacional" de novembro, ainda não tão "dignos" quanto a ministra "escrava" (sic) Luislinda Valois, que continua a ser a favorita ao selo: o zagueiro Rhodolfo e o atacante Felipe Vizeu, ambos do Flamengo, cujo comportamento em campo foi execrável: o primeiro socou o segundo durante uma discussão, e em troca foi alvo de um "dedo do meio" quando o atacante fez o terceiro gol do Flamengo sobre o Corinthians no Campeonato Brasileiro. Igualmente dignos do selo são os membros da arbitragem daquele jogo. Vão se juntar ao Jorge Picciani, presidente da Alerj, como candidatos à "honraria". Aliás, vergonha mundial, ad aeternum, é o criminoso Charles Manson, ativista fanático que liderou uma corja responsável pela morte da atriz Sharon Tate e outras seis pessoas, e ainda era partidário da segregação racial, apesar de ser hippie. Ele morreu aos 83 anos.
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