Foi um dia intenso para a Polícia Federal hoje, com uma força tarefa em cinco estados (SP, MS, GO, RS e SC), juntamente com a Receita Federal, para prender 23 pessoas acusadas de lavagem de dinheiro e serem integrantes de uma rede internacional de tráfico de drogas. Duas delas ainda não foram localizadas. A quadrilha teria movimentado até agora quase R$ 1,4 bilhão, em transações de drogas vindas da Bolívia e transportadas para a Europa. Foi encontrado dinheiro escondido dentro de máquinas de lavar roupa.
Encontrar dinheiro em máquina de lavar dá margem a muitas piadas sobre "lavagem de dinheiro" (Divulgação/Polícia Federal) |
Repercussão ainda maior teve a prisão do primeiro governador em exercício do mandato na História do Brasil. Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro, foi preso, acusado de receber R$ 150 mil mensalmente da quadrilha chefiada pelo ex-governador e aliado político, Sérgio Cabral Filho. O esquema montado por Cabral ainda não foi totalmente desmontado, e a procuradora-geral Raquel Dodge diz que Pezão deve cumprir a prisão preventiva determinada pelo ministro Felix Fischer, do STJ, para não atrapalhar as investigações. O presidente eleito Jair Bolsonaro parabenizou a Lava Jato pelo ato pioneiro. Apenas quatro governadores já foram presos antes, mas nunca exercendo mandato.
O mandato de prisão foi expedido pelo juiz Felix Fischer, do STJ (Marcelo Sayão/EFE) |
Os cariocas esperam que o Rio de Janeiro comece a viver tempos de mais responsabilidade com o dinheiro deles e dos royalties do petróleo. Mesmo com uma grande arrecadação, o Estado é o de pior situação fiscal entre todas as unidades da federação. Desde o ano passado, o Rio está em situação de "calamidade financeira".
A prisão do governador e de membros de uma quadrilha de traficantes pode sinalizar menos tolerância oficial com a criminalidade no país.
N. do A.: Outra notícia impactante é a votação do chamado "indulto de Natal" que o presidente em final de mandato Michel Temer quer implantar para beneficiar criminosos com "menor poder ofensivo", entre eles os corruptos e os bandidos ditos de "colarinho branco", desde que a pena não seja superior a oito anos. Neste caso, eles poderão cumprir apenas um terço da pena. 21 condenados pela Lava Jato se encaixam nas regras. Seis ministros disseram que não vão impedir o presidente de conceder o tal indulto, alegando não quererem a interferência do Judiciário em decisões soberanas do Executivo: Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Marco Aurélio. Luiz Fux pediu vista do processo e, portanto, não há uma decisão final. Para os defensores da Lava Jato, é um presente de Natal que o Papai Noel, se existisse mesmo, nunca ia conceder - só as entidades malignas associadas à data, como o Krampus e o Grinch. Setores mais radicais vão querer mesmo desejar um cabo e um soldado para fechar o STF, visto como conivente com a "esbórnia", como teria dito Eduardo Bolsonaro, o filho do eleito.
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