quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Da série 'Proteção na Tomada', parte 4 - O aterramento

Depois de expor as vantagens e desvantagens dos dispositivos utilizados para tentar proteger os equipamentos eletrônicos, chega-se a uma constatação: os filtros de linha oferecem apenas uma proteção básica contra surtos e sobretensão, os estabilizadores também protegem contra a subtensão, mas o uso de relés limita a sua eficiência, e os no-breaks superam os outros equipamentos, tanto na proteção quanto no preço, bem mais caro. 

E todos eles funcionam melhor com o aterramento. Por aqui, muita gente nem ouviu falar disso. 

O aterramento é a ligação direta do ponto correspondente ao "zero volt", chamado de "terra", com o solo, para: 

- Garantir que o excesso de corrente seja desviado para o terra ao invés de ir para os equipamentos, causando a perda de sua vida útil; 

- Facilitar o trabalho dos dispositivos de proteção, como os nobreaks, impedindo que a carga se acumule nesses equipamentos, fazendo-os falhar; 

- E, o mais importante de tudo, proteger as pessoas, diminuindo sensivelmente a chance de alguém levar uma descarga elétrica quando entra em contato com as carcaças dos equipamentos; um sinal de falta de aterramento, por exemplo, é sofrer um choque quando liga o chuveiro, o que não é nada agradável. 

De acordo com a norma NBR 5410 - leia AQUI - existem os procedimentos corretos para se fazer o aterramento. Ele deve utilizar, como ligação com a terra, uma haste de cobre (ou outro metal banhado em cobre). O padrão é 2,5 m, mas isso depende do tipo de solo (clique AQUI). A resistência de aterramento não deve exceder 10 ohms (ohm é a medida de resistência elétrica; materiais com pouca resistência, como os metais, são chamados de bons condutores). Caso uma única haste não consiga atingir esse padrão, pode ser necessário fazer uma malha de aterramento, utilizando duas ou mais hastes. 

O aterramento deve ser executado, ou supervisionado, por um engenheiro eletricista devidamente capacitado. 

Existem alguns tipos de aterramento previstos pela NBR 5410. Os mais comuns são os tipos TN, TT e IT. 

Os tipos TN e TT utilizam um aterramento direto, ligado a um condutor chamado de condutor de proteção, indicado por PE nas ilustrações a seguir. O PE é conhecido também por fio terra. No tipo TN o neutro fornecido pela concessionária, teoricamente também igual a zero volts, é ligado ao ponto de aterramento. O terra corresponde ao terceiro pino das tomadas, sendo os outros dois o neutro e a fase, ou melhor, as fases L1, L2 e L3, pois o padrão elétrico brasileiro é do tipo trifásico. Massa é um termo utilizado para designar os equipamentos elétricos e suas carcaças. O mais típico é o tipo TN-S, onde as massas ligam-se em pontos separados ao neutro e ao condutor de proteção.

Esquema TN-S (do site Mundo da Elétrica). 

Um esquema comum é a variante TN-C, onde as massas são ligadas no neutro e no condutor PE no mesmo ponto, o que não é recomendável, pois isso diminui a segurança do aterramento.

Esquema TN-C (do site Mundo da Elétrica)

Ainda existe o tipo TN-C-S, intermediário entre o TN-C e o TN-S, onde as massas que requerem mais proteção são ligadas como no tipo TN-S e as demais, como no tipo TN-C.

O esquema TN-C-S (do site Mundo da elétrica)


O tipo TT é mais indicado, pois o condutor de segurança não é ligado diretamente ao neutro, e isso significa dois caminhos de fuga para a corrente, impedindo que ela chegue aos usuários ou gere cargas nos equipamentos. Geralmente é mais usado em empresas, pois requer mais de um ponto de aterramento, um para o neutro e outro para o "fio terra".

Esquema TT (do site Mundo da Elétrica).

Já o tipo IT utiliza uma impedância, geralmente um dispositivo de alta resistência, entre o neutro e o solo, enquanto o condutor é aterrado em outro ponto diretamente. Esse esquema é mais utilizado em indústrias que precisam funcionar mesmo em períodos de manutenção elétrica, pois a corrente externa de curto-circuito acaba sendo significativamente mais baixa em relação à de outros tipos.

Esquema do tipo IT, identificado por B); o A) corresponde ao tipo TT (do site Mundo da Elétrica).

Para finalizar esta série, existem equipamentos chamados de "módulos isoladores", usados para criarem uma espécie de "terra virtual" para quem não quer gastar com aterramentos. Este blog vai abordar isso em breve.

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