Este blog ia homenagear São Paulo e seus 465 anos, mas aconteceu a segunda maior catástrofe provocada por uma mineradora, perdendo apenas para a tragédia de Mariana, ocorrida muito recentemente.
A mesma responsável pelo crime ambiental em Mariana desta vez vitimou Brumadinho, cidade da região metropolitana de Belo Horizonte.
Além da cidade ser invadida por toneladas de resíduos provenientes da extração de hematita, o meio ambiente foi severamente agredido na região, e o rio Paraopeba foi também atingido.
Apesar do montante de lama tóxica ser muito menor do que o derramado no rio Doce, praticamente transformado num mar de lama e metais pesados por culpa da Vale (por meio da Samarco) em 2015, o número de mortes imediatas pode ter sido ainda maior do que naquela catástrofe: 150 pessoas estão desaparecidas, principalmente funcionários da própria Vale, pois o prédio da administração da empresa naquela cidade foi tomado pela torrente de rejeitos. Sete corpos foram encontrados, e cem foram resgatados.
Isso mostra que a Vale não aproveitou o caso de Mariana para prevenir novos desastres. E o risco de novos rompimentos, só em Minas Gerais, é alto.
Também mostra o descaso com a segurança, um problema de deformação cultural sistêmica e generalizada no Brasil. Continuamos a jogar lixo em locais impróprios, inclusive restos de material hospitalar. "Gatos" elétricos continuam a ser feitos e não devidamente retirados pelo poder público. A manutenção de prédios públicos, ruas, tubulações de água e esgoto, é precária, e há a velha desculpa da falta de verbas.
Existem falhas na fiscalização e, quando ela existe e não sucumbe à corrupção, os alvos fingem tomar providências, quando fazem algo.
Ainda existe o velho vício cultural de não observarmos as leis. E ainda querem afrouxá-las, para trabalharem com margem menor de segurança, visando o lucro imediato e desprezando um planejamento mais criterioso e de longo prazo.
Ainda existe o velho vício cultural de não observarmos as leis. E ainda querem afrouxá-las, para trabalharem com margem menor de segurança, visando o lucro imediato e desprezando um planejamento mais criterioso e de longo prazo.
Dessa forma, seremos vítimas de novas tragédias, e enquanto existir gente habitando este país, cada cidadão poderá ser uma vítima fatal da negligência, a não ser que nos eduquemos para tomar mais cuidado e valorizar a vida e o patrimônio alheios, e cobremos das autoridades e das empresas para fazerem o mesmo.
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