quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Os rumos do governo

Esperava-se que o governo Bolsonaro pudesse ter decisões firmes para levar o Brasil a um rumo definido. Não é o que parece na prática. 

Em apenas nove dias de uma gestão ainda bem no começo, houve muitas resoluções que foram desmentidas nos dias seguintes. É um vai e vem neste movimento algo browniano. 

A última sessão de recuos aconteceu quando um edital publicado hoje para os critérios dos novos livros didáticos foi revogado. Neste edital, os livros precisavam ter referências bibliográficas e mais rigor nas edições (além de outras questões menos técnicas, como liberação da publicidade e evitar temas em desacordo com o pensamento oficial vigente, como ideologia de gênero). O Ministério da Educação não resistiu às objeções vindas de autores e editores, e revogou o edital. 

Já houve recuo em querer revisar o acordo entre Boeing e Embraer, nas desapropriações de terras (setores da mídia falavam em "paralisação da reforma agrária", como se um processo inexistente de redistribuição de terras supostamente iniciado no governo Lula, ou Dilma, ou Temer, fosse interrompido), numa instalação de uma base militar norte-americana (algo que fez militares e "esquerdistas" concordarem entre si) e no financiamento do programa "Minha Casa, Minha Vida" para a classe média; neste último caso, a ideia era fazer esta parte da nossa população se sujeitar aos juros praticados no mercado, mas o presidente da Caixa Pedro Guimarães voltou atrás. 

Os descompassos estão incomodando o próprio presidente Bolsonaro, ciente que tudo isso é um prato cheio para alimentar as já volumosas críticas contra o seu governo, vindas inclusive de eleitores confiantes na melhoria do país.


N. do A.: Repercutiu muito mal a contratação do filho do vice-presidente da República general Hamílton Mourão, como assessor especial da presidência do Banco do Brasil. Antônio Hamilton Rosselli Mourão passa a ganhar R$ 36 mil, quase o triplo do que ganhava antes, como funcionário do setor de agronegócio. Parafraseando um dito do agora finado padre Quevedo, sobre um governo à altura do país: Isso non ecziste!

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