Sérgio Moro criou muitas expectativas como ministro da Justiça e da Segurança Pública, mas vem decepcionando muita gente.
Durante sua gestão, houve crimes bárbaros como o massacre de Suzano, a chacina de Belém, a matança em Paracatu e o massacre de presos causado pela briga entre facções da organização criminosa Familia do Norte, em Manaus. Moro se limitou a, no máximo, fazer observações frias nas redes sociais e mandar transferir condenados para lugares muitas vezes rejeitados por autoridades e habitantes dos locais de destino: um exemplo disso é Brasília, onde o governador do Distrito Federal, Ibaneiz Rocha (MDB), protestou contra o uso da penitenciária federal próxima à sede dos Três Poderes para abrigar o líder do PCC, Marcola.
Sabe-se que é pouco tempo ainda para fazer uma avaliação a respeito da coordenação entre as polícias para combater diversos delitos, mas até agora não se viu nenhum resultado digno de nota.
Na sua especialidade, o combate à corrupção, Moro não conseguiu segurar o Coaf em suas mãos e nem conseguiu convencer a respeito de como o órgão funcionaria melhor na pasta da Justiça e não no da Economia. Possivelmente, o Coaf descobriria irregularidades nas contas de Fabrício Queiroz de qualquer modo, por onde estivesse. Não foi por falta de empenho, pois ele empreendeu pessoalmente conversações com os parlamentares, como se fosse um deles (sem ter a mesma desenvoltura e desinibição para os conchavos) e não como um nome técnico de sua pasta.
Mesmo depois das manifestações do dia 26, a favor do ministro conhecido pelo seu passado como juiz em Curitiba, o Senado autorizou a devolução do órgão fiscalizador para a Economia, e isso com o aval de Bolsonaro, contrariando a vontade dos grupos nas ruas.
Seu pacote anticrime ainda nem foi avaliado e as chances de sofrer alterações significativas, daquelas de provocarem rugidos furiosos dos bolsonaristas e dos procuradores da Lava Jato, principalmente aqueles mais chegados à militância, são grandes. Espera-se que essas possíveis mexidas no texto não provoquem o júbilo dos corruptos e outros criminosos.
Moro ainda tem tempo, mesmo considerando uma possível transferência para o STF no final de 2020, de manter o prestígio arduamente conquistado pelo seu trabalho em Curitiba, mas deve rever seu modus operandi e voltar a agir de forma técnica e não política, ou se arrependerá amargamente de ter largado a toga.
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