quinta-feira, 30 de maio de 2019

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Divulgaram os números do PIB no primeiro trimestre de 2019. Sem nenhuma medida excepcional para arrochar a economia, ele conseguiu ENCOLHER 0,2%. Pode-se culpar o regime irregular de chuvas, resultando em quebras de safra e encarecimento dos alimentos, e também a retração na atividade industrial e em vários setores, como a construção civil. Mas o que fez o governo? Preferiu estimular uma cruzada ideológica, e não pragmática, para combater os desmandos anteriores, cujos autores são os responsáveis por um longo período de trevas, desde 2013, no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Corrupção, patrimonialismo e incompetência gerencial. Após o impeachment, houve um período mais favorável, mas a economia ainda patinou. E está voltando a piorar no governo atual. Corremos o risco de terminar o ano com RECESSÃO, como nos anos finais do governo Dilma. 


Estamos caminhando para mais um período recessivo (IBGE, pelo portal G1)

A atividade industrial encolheu ainda mais. Desde o governo Lula houve desindustrialização no Brasil (IBGE, pelo site do Valor Adicionado)
Por causa da retração econômica, o governo precisou cortar gastos e investimentos, inclusive na Educação, provocando as manifestações deste mês. A última foi hoje, e mais uma vez reuniu menos gente do que a oposição gostaria. Foi um repeteco, com participação ligeiramente menor, do dia 15 de maio, quando estudantes, professores, funcionários, membros da UNE e da UBES, sindicalistas da CUT e ativistas anti-Bolsonaro e anti-reformas protestaram. Não foi só para defender as verbas para a Educação, mas também para tentarem deter a reforma da Previdência. Alguns voltaram a pedir a liberdade do ex-presidente Lula. Porém, os protestos, apesar de espalhados por várias cidades, foram mais uma prática de exercer a liberdade de expressão do que qualquer outra coisa, e não chegaram a atrapalhar seriamente a rotina, mesmo porque, em geral, não houve baderna, salvo um ou outro incidente. Também o número de participantes ficou algo longe dos registrados no ato pró-Bolsonaro do último domingo. De qualquer forma, não foram tão dignos de preocupação quanto os números do PIB, e a economia fraca, mais do que os insatisfeitos com o contingenciamento, é a maior ameaça ao governo. 

O protesto de hoje foi grande, mas não a ponto de preocupar tanto o governo quanto a retração no PIB. No Largo da Batata, milhares foram às ruas (Wellington Valsecchi/Rede Globo)
Em Salvador, protestos contra os cortes (João Pedro Pitombo/Folhapress)

Estudante de medicina levanta placa contra o contingenciamento em Belo Horizonte (Fernanda Canofre/Folhapress)
Próximo à Candelária, o protesto, como em outras cidades, reuniu várias pautas, como o assassinato de Marielle Franco, a luta contra as reformas e a liberdade para o ex-presidente Lula (Onofre Veras/O Dia)

O principal alvo dos manifestantes, ministro da Educação Abraham Weintraub, disse que os professores fazem coação contra os alunos para forçá-los a participarem, e pediu aos pais para denunciarem essa prática à Ouvidoria do MEC. Não houve denúncias dos pais, mesmo porque eles não são obrigados por lei ou por decreto a fazerem isso, e as provas das tais coações não apareceram.  Além disso, muitos dos alunos participantes são universitários, portanto, adultos. De concreto mesmo só a denúncia do Ministério Público contra o ministro por "danos morais" ao propor que os alunos substituam funcionários terceirizados nas tarefas de limpeza, e também cobranças para o MEC justificar os cortes no Museu Nacional, cujos trabalhos de restauração após o incêndio que o destruiu e fez milhares de obras de arte se perderem para sempre estão ameaçados pela falta de verbas. 

Por fim, estão em votação várias medidas provisórias do governo, e uma delas é preocupante: ameaça simplesmente tornar inválido o Código Florestal aprovado em 2012, mutilando-o para permitir a anistia a mais proprietários rurais que desmataram áreas que deveriam ser preservadas até anos recentes. Os deputados aprovaram a medida por ampla maioria, alegando ser impossível recompor as matas conforme o Código em vigor, já criticado por ambientalistas por ser considerado brando com os desmatamentos. O problema é beneficiar atividades como a exploração ilegal de madeira, que nada tem a ver com o agronegócio e sim com o comércio criminoso de madeiras nativas, e a ocupação irregular de terrenos. Pelo menos o tempo corre contra essa alteração, pois ainda falta o Senado votar, e ele não tem o mesmo espírito permissivo de boa parte dos deputados. Se não votarem até o dia 3 de junho, esta e outras MPs caducam. 


N. do A.: A Bovespa ignorou, por enquanto, a queda do PIB e os investidores preferiram apostar no êxito das reformas. Agora, ela está em 97.457 pontos, enquanto o dólar está em R$ 3,97. Nesta semana, a moeda americana voltou a ficar abaixo dos 4 reais. 

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