As manifestações do dia 7 de setembro não foram um sinal de ruptura institucional como disse parte da oposição, e nem um ultimato do governo contra o STF.
Houve considerável participação, especialmente em Brasília e em São Paulo, onde o presidente Jair Bolsonaro fez discursos, citando um certo "conselho da República" com deputados, senadores e ministros do STF, prometidos para hoje e não cumpridos. Ele ainda disse não aceitar que "qualquer autoridade (...) passe por cima da nossa Constituição". e disse também não querer ruptura. Por outro lado, ele também disse que o STF pode sofrer "aquilo que não queremos", e ameaçou não respeitar decisões do ministro Alexandre de Moraes, alvo preferido dos manifestantes.
Enquanto mais de 125 mil pessoas encheram a Avenida Paulista para apoiar o governo, outros 15 mil participaram de atos contra ele, a favor das vacinas e do STF (e também de Lula e do PT). Não houve baderna digna de nota, apenas pequenos casos esporádicos. Nota-se pouca preocupação com o uso de máscaras contra a COVID-19 para exercerem o direito de protestar.
Manifestantes em Brasília (Divulgação) |
Presidente discursa para seus apoiadores (Divulgação) |
Uma multidão lotou a Avenida Paulista para protestar contra o STF e também o Congresso (Divulgação/Twitter) |
No Anhangabaú, oposição também vai às ruas (Divulgação/Rede Globo) |
Não foi a multidão esperada pelos bolsonaristas, mas foi suficiente para mostrar que não só o presidente está cometendo desmandos neste país. O fim da Operação Lava Jato não foi apenas obra do Executivo, mas dos outros dois Poderes. E os relatos sobre gastos abusivos do NOSSO DINHEIRO com lagostas e vinhos, e também resistência ao corte de supersalários não foram esquecidas, isso para não falar das decisões para calar pessoas em nome do combate às fake news, e o fetiche dos apoiadores do presidente como pretexto para contestarem resultados de eleições (isto é, o voto impresso).
E hoje, o chefe do Judiciário, Luís Fux, fez duro discurso para alertar quem está tendo a ideia de desrespeitar o Supremo além das "quatro linhas da Constituição", enquanto Arthur Lira, presidente da Câmara, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, e o procurador-geral da República Augusto Aras pedem a volta da harmonia entre os Poderes. Embora a imprensa, majoritariamente contra o governo, e a oposição falem em abrir um processo de impeachment, os líderes aludidos não citaram o termo. Para isso, seriam necessários dois terços das duas Casas do Legislativo para punir Bolsonaro com a perda do mandato. Segundo nomes como Carlos Ayres Britto e Celso de Mello, ex-integrantes do STF, motivos não faltam, como estimular a desobediência a outro Poder (o Judiciário), mas isso depende da avaliação dos deputados e senadores.
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