segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Da série "Filósofos estudam o Brasil", parte 15

Arthur Schopenhauer viveu entre 1788 e 1860, sendo contemporâneo de Hegel, com quem teve sérias desavenças, por discordar de sua visão sobre a natureza da realidade. O pensador nascido em Dantzig, na Prússia, atual Gdansk, defendia a visão da realidade como subjetiva e não racional, ao contrário de Hegel. Essa concepção teve influência de outros intelectuais, como Goethe, com quem Schopenhauer chegou a discutir ideias. Sua obra-prima, O Mundo Como Vontade e Representação, não teve muita repercussão quando foi publicada em 1818. O autor só passou a ser cultuado mais tarde, após publicar outros livros, como Da Vontade da Natureza, Dialética Erística e Parenga e Paralipomena

Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi um dos primeiros homens ilustres a ser fotografado (Jacob Seib)


Em sua obra, a vida é vista como um imenso palco de sofrimento, a ânsia de querer, a vontade. A realidade é uma projeção mental de cada ser humano, compreensível pelos fatores Espaço, Tempo e Casualidade, mas a Vontade seria a essencia de todo o entendimento, o motor a reger a compreensão e o aprendizado sobre o mundo. Essa concepção fez os críticos apontarem Schopenhauer como pessimista e trágico, e sua filosofia influenciou escritores como Machado de Assis e até músicos como Richard Wagner. 

Para o filósofo, a arte seria a redenção da humanidade, pois ela acaba satisfazendo os anseios da Vontade e amenizando o sofrimento. 

Poderíamos ser levados a dar razão a Schopenhauer no uso da Internet e das redes sociais, quando se criam narrativas de acordo com as "realidades", sem necessariamente ater-se aos fatos. Numa perspectiva mais ampla, o Brasil é conhecido por ser um país onde há várias necessidades, com várias manifestações de vontades e buscas por meios de sobrevivência, quando não por metas para sair da pobreza ou da margnialidade, ou correção do que cada pessoa interpreta como injustiça, onde a violência e os privilégios de poucos são gritantes. Por outro lado, o Brasil é tido como um terreno fértil para os artistas, dos mais variados gostos e talentos, embora muito se discuta sobre a qualidade atual das obras - mas eles continuam a produzir, mesmo assim. 


N. do A.: Poderíamos perguntar a Schopenhauer a sua visão sobre os protestos do dia 7 de Setembro e os do dia 12, quando foi expressa a vontade de manifestantes. As multidões de bolsonaristas não surtiram o efeito esperado, e muito menos os grupos (menores) de opositores no domingo, quando o MBL e o Vem Pra Rua, antigos inimigos do PT, não conseguiram adesão contra o populismo e os desmandos do governo Bolsonaro. 

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