quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Pronunciamento do presidente divide apoiadores

O presidente Jair Bolsonaro notou os efeitos de seus atos durante o dia 7 de setembro, bem menos favoráveis do que imaginava. Foi alvo de críticas do ministro Luís Roberto Barroso, um dos alvos dos bolsonaristas, em termos bastante duros (leia AQUI), e também posicionamentos pouco favoráveis por parte dos chefes do Legislativo (deputado Arthur Lira e senador Rodrigo Pacheco) e do Judiciário (ministro Luís Fux). A quantidade de manifestantes, embora grande, não serviu para intimidar ninguém, ainda mias pela falta de policiais e militares para apoiarem os protestos, e os caminhoneiros estarem bloqueando estradas para pressionarem a favor da radicalização política. Para piorar, o mercado notou a fragilidade do presidente e a Bovespa despencou 3,78%. 

Ele precisou da ajuda do ex-presidente Michel Temer, o mesmo responsável pela condução do "inimigo número 1" Alexandre de Moraes ao STF, para fazer um pronunciamento acenando para a volta da harmonização entre os poderes. 

É notória a tática do presidente de fazer ameaças, e depois relativizar, o que tem irritado até mesmo aliados dele. 

Enquanto o filho mais velho, Flávio Bolsonaro, apoiava o pai, outros seguidores, como o blogueiro Allan dos Santos, do canal Terça Livre, e a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), lamentaram. O jornalista Rodrigo Constantino, também convertido ao bolsonarismo, chegou a dizer: "O presidente sucumbiu ao sistema". 


N. do A.: Por falar em sistema, a Câmara aprovou na surdina uma alteração radical no Código Eleitoral, ou o Projeto de Lei Complementar 112/21, com base no texto da deputada Soraia Santos (PL-RJ), impondo uma quarentena de cinco anos para policiais, militares e juízes (e dificultando a candidatura de pessoas como o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro). Outros pontos são a permissão de candidaturas coletivas, a limitação dos poderes da Justiça Eleitoral para impor as normas para os candidatos, e o aumento das penas para o candidato que utilizar fake news em sua campanha, sujeitando-o a uma pena entre 1 e 4 anos de detenção. Tais medidas desagradam boa parte da base de apoio do presidente e seus aliados, e algumas das pautas citadas podem representar um afrouxamento na fiscalização de candidaturas, facilitando a vida dos "fichas sujas". 

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