quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Correremos o risco de ter saudade do século passado?

Quem passou a juventude no século XX está vivenciando conflitos, tensões e violência em escala ainda maior no século XXI, que, aliás, já começou mal com o atentado (o famoso 9/11 - 11/9 no nosso calendário - ocorrido em Nova York) promovido pela al Qaeda. 

Vivenciamos uma sucessão de crises econômicas, uma pandemia longa responsável pelo agravamento da piora no setor industrial, confrontos políticos exacerbados, carestia e mesmo insegurança alimentar no mundo todo. Embora não tenhamos conflitos tão generalizados e dramáticos como as duas guerras mundiais no século XX, está havendo uma guerra muito próxima das potencias europeias, entre Rússia e Ucrânia, e conflitos localizados e difusos, como no Irã, na Etiópia e entre as duas Coreias. 

Não podemos passar a vida sonhando com o passado: ele não existe mais. Teremos que encarar o presente e o futuro, e ele nos parece bastante desafiador, para dizer o minimo. Mesmo o Brasil, com suas incertezas, tragédias sociais e deficiências estruturais, estava oferecendo um horizonte confortável, pelo menos para a classe média, regado com facilidades tecnológicas e alimentos relativamente mais acessíveis e de melhor qualidade se comparados ao horizonte do século XX, e inflação controlada, enquanto há a dolorosa lembrança da hiperinflação principalmente nos anos 1980. Essas "comodidades" estão afetadas pelo cenário externo, as sequelas de uma pandemia ainda em curso e as más decisões políticas e econômicas, agravadas com as desconfianças acerca de um governo eleito ainda não iniciado, pois o presidente ainda é Jair Bolsonaro, que praticamente está recluso (*) enquanto seus acólitos apoiam manifestações anti-Lula e brigam ferozmente contra as decisões monocráticas de Alexandre de Moraes. 

Os povos do mundo devem continuar vigilantes contra as decisões às vezes insanas de seus governantes, e fazer com que eles parem de cometer tantos equívocos movidos pela vaidade, ganância, narcisismo, prepotência e demagogia, capazes de levar este planeta a um rumo não desejado por ninguém. Neste cenário, muita gente irá querer se refugiar em lembranças do século XX, aquele mesmo dos bombardeios contra Hiroshima e Nagasaki, enquanto luta pela sobrevivência. 


(*) N. do A.: O presidente Bolsonaro alega não aparecer em público devido a uma erisipela, doença de pele causada por bactérias, mais comum em pessoas com sistema imunológico prejudicado por doenças ou estresse.

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