quinta-feira, 5 de outubro de 2023

Dois escritores (e outros dois)

Durante a premiação do Nobel para diversas categorias, o escritor norueguês Jon Fosse, 64 anos, foi premiado com a láurea. Ele escreve obedecendo à nova norma do idioma, o "Ninorsk", mais parecida com o que se falava entre os vikings no passado. Ele é considerado o "Samuel Beckett norueguês" e já levou vários prêmios, como o Ibsen (2010). Há dois livros traduzidos para o português, É a Ales e Melancolia. O primeiro romance fala sobre uma mulher escrevendo suas memórias após ser abandonada pelo marido. O segundo fala sobre a juventude do pintor Lars Hertevig (1830-1902), cuja vida foi repleta de tormentos, como uma internação num sanatório. Jon Fosse é também sacerdote católico. 

Jon Fosse ganhou o Nobel de Literatua neste ano (Divulgação)

Aílton Krenak é mais conhecido pelo ativismo pró-indígena (Fondation Cartier)

Por aqui, Aílton Krenak, de 71 anos, foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras. Ele é considerado o primeiro escritor indígena a vestir o fardão dos acadêmicos, e seus livros estão bastante ligados à sua luta pelos direitos indígenas. Ele escreveu A vida não é útil, ensaio sobre a pandemia de COVID-19, e Futuro ancenstral, sobre o modo de vida das comunidades autóctones antes e depois da vinda dos portugueses. Há quem critique a Academia, já irrelevante para a literatura nacional há décadas, por suposto "identarismo". Os outros dois candidatos à vaga de José Murilo de Carvalho, antigo ocupante da cátedra número 5, também são conhecidos por defensores de causas, como o também indígena Daniel Munduruku e a historiadora Mary del Priore, considerada feminista. 

Quando se fala de Nobel e ABL, muitos também se lembram de Haruki Murakami, o japonês que há décadas aspiara por ser lembrado pela Academia Sueca, e Conceição Evaristo, a linguista e ativista da causa negra, muito lembrada pelos movimentos antirracistas. Os dois não foram considerados neste ano. 

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