Ontem, a Argentina conseguiu tirar o foco da mídia na guerra entre Israel e Hamas, com uma das mais polarizadas eleições já vistas nos últimos tempos. De um lado, o peronista, candidato do governo e partidário da cartilha do "esquerdismo latino-americano", Sérgio Massa. De outro, o ultraliberal tido como o "Trump argentino", Javier Milei, adepto das privatizações em massa e do chamado "estado mínimo".
Os dois disputarão o segundo turno por serem os mais votados. Era esperada uma vitória de Milei, mas Massa conseguiu mais votos, mesmo sendo ex-ministro da Economia num país onde a inflação está em 113% nos últimos doze meses, um martírio para os argentinos, principalmente os mais pobres. Situação próxima a dos anos 1980, quando o país estava assolado pela hiperinflação, assim como no vecino Brasil. Isso mostra que, assim como aqui, os institutos de pesquisa na Argentina não têm credibilidade, utilizando métodos de amostragem falhos e sem o necessário rigor técnico.
Sérgio Massa (esq.) pôde vibrar, mas Javier Milei (dir.) ainda pode vencer a guerra eleitoral na Argentina (Getty Images) |
O oposicionista, taxado de "extrema direita" por setores da mídia, representa a insatisfação de uma grande parte do povo argentino com a miséria e a crise, problemas agravados durante o governo do presidente Alberto Fernandez, acusado de inépcia até mesmo por partidários da vice-presidente Cristina Kirchner.
No dia 19 de novembro, os argentinos voltarão para as urnas para escolher entre duas propostas consideradas populistas e demagógicas, mas de espectros opostos. E só um deles terá o apoio do Brasil (e também da Venezuela e dos "bolivarianos", que já foram derrotados em outra eleição recente, no Equador, quando o liberal Daniel Noboa foi eleito, derrotando a "bolivariana" Luisa Gonzalez.
N. do A.: Este blog já teve duas postagens seguidas sobre política. Espera-se explorar outros assuntos ao longo da semana.
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