Mais uma grande personalidade deixou este mundo conturbado: Sebastião Salgado, aos 81 anos, deixou um acervo numeroso de fotos primorosas, todas em preto-e-branco, extraindo beleza das paisagens tristes e mesmo cruéis impostas pelo lado obscuro da realidade.
Sebastião Salgado nasceu no interior de Minas, mas passou a maior parte de sua vida em Paris (Divulgação/Flickr) |
Viajou por vários locais, desde o Afeganistão até a faixa do Sahel, das favelas cariocas aos locais de conflitos nos confins do mundo. Não foi para tirar fotos turísticas, como muitos viajantes comuns fazem, quando vão a Paris, Nova York ou Singapura. E, sim, para registrar locais e pessoas que muitos preferem não lembrar, como a mulher de Mali, na África, abaixo.
Mulher do Mali (Sebastião Salgado) |
Mas ele também fotografou gente em situação menos trágica. Indígenas e outros nativos, trabalhadores, crianças, e também animais e plantas, registrados sem cor mas com vivacidade.
Uma visão inusitada dos pinguins em seu habitat (Sebastião Salgado) |
Pode-se criticá-lo por sua ideologia, assumidamente socialista, ou por fazer exploração da miséria e da desigualdade social, e por praticamente morar em Paris, para onde muitos opositores, a maior parte deles adeptos do marxismo e da intelectualidade da época (Sartre, Foucault, Simone de Beauvoir, Louis Aragon, entre outros) da ditadura militar se exilaram. A leucemia, uma das longues maladies - termo usado pelos parisienses e outros cidadãos franceses para designar as doenças crônicas, principalmente câncer, o derrotou.
Este lado ideológico, lembrando que quase todo grande artista defende um viés político, não foi suficiente para prejudicar o seu senso estético, e seus retratos não funcionam exatamente como panfletos, mas como um retrato da pequenez e da grandeza da existência.
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