terça-feira, 30 de setembro de 2025

Stellantis quer ampliar o mercado no Brasil, mas...

Muitos brasileiros ainda não estão familiarizados com o nome Stellantis, a gigante europeia dona de várias marcas, como a Jeep, a Fiat, a Ferrari, a Maserati, a Opel (ex-GM), a Peugeot e a Citroen. Para as más línguas, se eles soubessem mais sobre a marca, iriam ficar frustrados e revoltados. 

A marca é acusada de arruinar a fama dos Jeep, lançando modelos frágeis e apelidados de "SUV de shopping", como os Renegade e os Compass. E ela vai lançar mais um carro com a marca, o Avenger, um carro compacto para concorrer no segmento de SUV "de entrada". Para os puristas, é mais um daqueles bonitinhos, mas ordinários, não adequados para rodarem nas estradas ruins. Os mais idosos, que conheceram os carros da década de 1960, ousam até comparar os atuais Jeep não com os valentos Wyllis 4x4, mas com outro Wyllis, o Gordini. 

O Jeep Avenger, anunciado nesta semana para ser lançado aqui, tem a mesma plataforma de carros pouco comprados pelos brasileiros, como o Citroën C3 e o Peugeot 2008. 


Parecido com o Avenger, o Fiat Grande Panda, ou "novo Argo", ou, talvez, "novo Uno", já é paparicado pela grande mídia. Ele vai ser lançado logo e tem a missão de substituir o Argo. Ele também se parece com um pequeno SUV (mais um...) e pelo menos possui bom espaço interno para o seu porte, honrando a fama do carro que irá suceder. Ainda assim, a Fiat, cujo início era marcado pela difamação de seu primeiro modelo, o 147, já teve dias melhores, quando fazia o Uno Mille e o Tempra. Agora faz carros inundados com plástico, seguindo o exemplo da imensa maioria dos carros do grupo Stellantis. 

Os poucos modelos sem abuso de plástico duro estão nas marcas de luxo ou esportivas, ou seja, os Maserati, os Alfa Romeo e os Ferrari. Ah, e os Lancia. Todos herdados do antigo grupo Fiat. Alguém se lembra de um único modelo prestigiado dessas marcas ultimamente? A Stellantis demonstra pouco apreço por elas. No ano passado, ela cogitou vender a Maserati para alguma fabricante chinesa, devido aos prejuízos. Agora, a Ferrari está sofrendo com brigas judiciais envolvendo o presidente da marca do cavalinho rampante, John Elkann, e a mãe, Margherita Agnelli, pelo espólio do poderoso Gianni Agnelli (1921-2003), antigo chefão do grupo Fiat. Isso pode, na pior das hipóteses, causar a destruição da própria Stellantis. 

A gigante também é acusada de não administrar bem outra marca querida no mundo, inclusive no Brasil, a Opel, responsável pelo lançamento de vários carros populares como o Corsa, o Kadett, o Astra, o Vectra e o Omega. Sem falar do Rekord, vendido aqui modificado e adaptado, como o inesquecível Opala, o Monza (Ascona) e o Chevette (uma versão mais antiga do Kadett europeu). Muitos se perguntam por que a Stellantis não vende os Opel por aqui. Parte dessa pergunta está na perda de interesse dos próprios europeus pelos carros dessa marca, agora com aparência muito genérica, parecendo mais com os Fiat, os Citroen e os Peugeot. 

Quanto a essas duas marcas francesas citadas por último no parágrafo acima, a maledicência é sempre presente, devido à fama de serem carros de manutenção cara, ou frágeis. 

E, em geral, insiste-se em soluções duvidosas, como a adoção de motores com correia dentada banhada a óleo. Não resolvem o problema da durabilidade das correias diante das correntes feitas com materiais metálicos, de maior durabilidade, e ainda forçam a ida às concessionária para a reposição do óleo, geralmente caro e com especificações muito estritas. Não se pode culpar somente a Stellantis por essa aberração tecnológica, pois a Volkswagen, a GM e a Ford também adotam isso em alguns de seus motores. Depois de várias reclamações, alguns motores abandonaram essa solução, como os Puretech 1.0 e 1.2, mas ainda relutam em aposentar isso de vez. 

Com esses problemas, boa parte dos consumidores no mundo resolveu partir para os carros chineses, provocando uma crise de grandes proporções. Nos últimos 12 meses, as ações da Stellantis sofreram quedas constantes, em Milão e em Frankfurt, corroendo seu valor de mercado. 

Ainda assim, eles querem continuar a marcar presença em mercados com o brasileiro. Há bons motivos para isso, porque o campeão de vendas por aqui é a picape Strada, da Fiat. Picapes e carros metidos a utilitários esportivos são muito populares no Brasil, um nicho bastante explorado pelo grupo, assim como os principais concorrentes diretos, a Volkswagen, a GM e a Renault. 

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