Este dia 9 de outubro foi marcado por acontecimentos notáveis, seja pela importância histórica, ou pelo inusitado.
Certamente, no primeiro caso está a oficialização do fim dos conflitos em Gaza, com a aprovação pelo Parlamento israelense do plano elaborado pelo governo Trump. Muitos julgam isso bom demais para ser verdade, dada a rapidez com que as partes em conflito aceitaram algo com muitos pontos desfavoráveis a ambos. O Hamas vai praticamente ser expulso do governo em Gaza, e Israel não poderá ocupar o território, como queriam os membros mais radicais do governo de Netanyahu. Para os Estados Unidos, o resultado foi amplamente positivo, e será uma surpresa, pelo menos aos simpatizantes do atual governante da América, se o "homem laranja" não ganhar o prêmio Nobel da Paz, a ser anunciado amanhã.
Por falar em Nobel, uma premiação inusitada foi a do húngaro Laszlo Krazsnahorkai, de 71 anos. Escritor de um idioma difícil de ser compreendido mesmo para alguém da Hungria, e radicalmente diferente do falado entre os vizinhos deste país da Europa Central, o novo premiado era conhecido pela sua técnica, chegando a escrever frases únicas preenchendo dezenas de páginas. E os temas são tão duros e ásperos quanto a língua: medo, violência, cenas grotescas e opressivas, enfim um verdadeiro apocalipse, bem de acordo com nossos tempos angustiantes.
Estranho ou emblemático, também, é a renúncia de Luís Roberto Barroso à sua cadeira no Supremo Tribunal Federal. Ele acabou de sair da presidência da Corte, e agora se aposenta, mesmo com 67 anos, 8 a menos do máximo permitido por lei. Surpreendeu a todos, apesar dos sinais dados nos últimos dias, e agora dará uma chance ao presidente Lula escolher alguém de sua confiança antes de terminar o terceiro mandato (e com esperança, para os apoiadores, de ser eleito para mais um, apesar da saúde de Lula, à beira dos 80 anos, não ser das mais auspiciosas, e não contar mais com o apoio do Congresso para questões como a reforma tributária).
Para os opositores do governo e do STF, Barroso teria renunciado por medo de receber as mesmas sanções da lei Magnitsky, sofridas pelo colega Alexandre de Moraes. Ele negou ter medo desta ou qualquer outra razão, no seu discurso de despedida.
| Luís Roberto Barroso saiu do STF, dividindo a atenção da mídia com o processo de paz em Gaza e as premiações do Nobel (Valter Campanato/Ag. Brasil) |
O agora ex-ministro do STF poderá descansar, e suas próximas atividades são uma incógnita. Certamente, ele não tentará aprender húngaro para ler algum livro de Krazsnahorkai.
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