terça-feira, 15 de maio de 2012

Da série 'Mentiras que contam na internet', parte 3

Existe uma profusão de usos do termo 'genérico'. Uns são corretamente aplicados, e outros nem tanto.

Por exemplo, no caso do remédio 'genérico', é devido ao principio ativo, ao componente principal de um remédio, sem a presença da marca comercial. 

Em informática, diz-se, por exemplo, de placas-mães 'genéricas', ou seja, sem uma marca específica, que podem equipar vários tipos de computadores. 

O termo também quer dizer 'indeterminado', sem entrar em detalhes para facilitar o entendimento, como 'termos genéricos'. Neste contexto, o Custo Brasil é um termo genérico para qualificar várias formas de encarecer os produtos fabricados neste país. 

Porém, o termo 'genérico' é utilizado indevidamente para caracterizar um produto pirateado ou de qualidade inferior. Por exemplo, um celular 'xing-ling' pode ter marca, mas muitas vezes é dito como 'genérico'. Se tem marca, não pode ser considerado como genérico, só por ser de qualidade duvidosa. 

Chegaram a falar de uísque 'genérico', mas isso não existe. Existem uísques falsificados, vindos do Paraguai ou de algum fundo de quintal. Da mesma forma, o tal 'vinho químico' (álcool de limpeza + groselha) é uma falsificação grotesca capaz de arruinar a saúde de quem o consome, e não um vinho 'genérico'. Além disso, todas aquelas quinquilharias que imitam produtos consagrados, como os produtos da Apple (iPhone, iPad) e os consoles de videogames (Playstation 3, Xbox, Wii) não são 'genéricos' deles, e sim falsifcações puras e simples. Chamar alguma traquitana de 'genérico', portanto, serve apenas como um falso eufemismo. 

Nesse contexto, os chamados 'Viagras genéricos', como aparece frequentemente nas buscas do Google (mais de 8 milhões de resultados) são, na verdade, falsificações do Viagra ou substâncias similares a esse remédio para impotência, mas sem o mesmo efeito (ex.: Cialis). A patente da fórmula do Viagra, antes pertencente à Pfizer, foi quebrada recentemente, mas o seu princípio ativo, Sildenafil, nem sempre é empregado nos tais 'genéricos'. Portanto, para quem precisa desse remédio, é bom ficar atento. 

Portanto, quando se qualifica um produto ruim ou mera imitação de algo melhor, é melhor tomar cuidado. Melhor chamar esses produtos como eles são: ruins, inferiores, falsificações, engana-trouxas, etc. Não se pode chamá-los de 'genéricos'.


Obs.: Falei de vinhos genéricos, e eles existem, sim: são aqueles que utilizam mais de um tipo de uva, de diferentes procedências. Eles podem ter excelente qualidade, mas são essencialmente diferentes dos vinhos que levam apenas um tipo de uva (varietais) ou aqueles que são combinações de outros vinhos (assemblage). 

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