domingo, 7 de outubro de 2012

Serra e Haddad continuam na disputa


As urnas mostraram que os institutos de pesquisa cometeram novamente equívocos importantes, ao apontar Celso Russomanno como favorito à Prefeitura de São Paulo. Chegaram até, no auge da popularidade dele, a dizer que ele teria chances de ser eleito já no primeiro turno. 

Pesquisas são estatísticas, sujeitas a erros de metodologia, que não se limitam às "margens de erro". Mas as urnas são a realidade. O candidato do PRB recebeu pouco mais de 21,5% dos votos. Ficou de fora do segundo turno, porque Fernando Haddad, do PT, conseguiu quase 29%. José Serra, do PSDB, conquistou um pouco mais: ficou menos de 2% na frente do adversário petista. 

Muitos paulistanos se decepcionaram com a falta de propostas de Russomanno, e uma delas era dura de engolir: a tal 'tarifa proporcional', ou seja, quem tem a infelicidade de morar longe do trabalho ou do estudo, além de sofrer com o trânsito, vai pagar mais. O não comparecimento a muitos debates e o vínculo do candidato à Igreja Universal do Reino de Deus também afugentou muita gente. 

Russomanno teve uma ascensão contundente nas intenções de voto, mas nas urnas sua queda foi meteórica (foto: divulgação, pelo blog 'Pragmatismo Político')

Serra e Haddad já têm munição garantida para o segundo turno: o primeiro vai explorar a relação entre Haddad e a desastrosa passagem pelo Ministério da Educação, além do envolvimento do PT no mensalão e o apoio de gente como José Dirceu e Paulo Maluf. Já o petista vai falar bastante de Gilberto Kassab, cuja gestão foi reprovada pelos paulistanos, e da falta de garantias a respeito do cumprimento integral do mandato. Serra deixou a prefeitura com menos de 2 anos de mandato para disputar o governo do Estado e depois a Presidência, em 2006, perdendo as eleições para Lula.

Os outros candidatos foram coadjuvantes na disputa, e o mais importante deles foi Gabriel Chalita, ex-tucano e agora do PMDB (o partidão do Brasil sempre visto como enorme balaio de gatos); o também escritor conquistou 13% dos votos e serviu de 'fiel da balança' nas urnas. O apoio de caciques do partido, como o vice-presidente Michel Temer (e, indiretamente, José Sarney) não ajudou muito, mas ele conseguiu atrair votos dos que rejeitavam outros candidatos. 

Nas outras cidades, vale destacar a vitória tranquila de Eduardo Paes, do PMDB, diante de Marcelo Freixo (PSOL), apoiado por boa parte da classe artística no Rio de Janeiro. Paes contava com o apoio de Dilma, Lula e o governador do Rio Sérgio Cabral. Em Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), apoiado por Aécio Neves, venceu já no primeiro turno. Em Salvador, ACM Neto (DEM) vai ter de disputar novamente, com Pelegrino (PT).

Já em Curitiba, houve a disputa mais interessante: o filho do Ratinho, filiado ao PSC, vai disputar o segundo turno com Gustavo Fruet, político tarimbado do PDT que já foi tucano e conseguiu tirar do caminho o atual prefeito da cidade, Luciano Ducci, talvez um dos maiores perdedores destas eleições, ao lado de Russomanno. Enquanto Fruet parecia longe do segundo turno, Ducci contava com o apoio do governador Beto Richa e as pesquisas - de novo elas - o apontaram como participante certo do segundo turno. As urnas desfizeram esse sonho.

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