O segundo turno definiu os últimos candidatos a prefeito de 2012. A maioria, de certa forma, confirmou as pesquisas, embora haja, em vários casos, uma diferença bem grande entre os números estatísticos e os reais.
Nem todos os eleitos seguiram o desejo do governo federal, que interferiu à vontade neste pleito. A derrota mais significativa foi em Salvador, onde o candidato petista Nelson Pellegrino perdeu, e por pouco, de ACM Neto, um dos mais aguerridos e atrevidos opositores do PT e seus aliados. ACM Neto (DEM) é herdeiro de seu avô, um dos últimos 'coronéis' da política brasileira, mas não o último (José Sarney ainda está na ativa, e no cargo de presidente do Senado). Outra derrota para o governo federal foi a vitória de Arthur Virgílio (PSDB), outro opositor tenaz, em Manaus, capital do Amazonas e uma das cidades mais importantes da Região Norte.
O prefeito eleito de São Paulo e seu partido em crise devido à investigação do mensalão (fonte: UOL)
Em geral, o ex-presidente Lula e a presidentA Dilma podem ficar satisfeitos, porque Gustavo Fruet, ex-oposicionista, despachou facilmente a 'zebra' de Curitiba, isto é, o filho de Ratinho. Foram mais de 60% dos votos válidos a favor de Fruet. Mas a maior vitória ficou mesmo em São Paulo: Fernando Haddad, ex-ministro da Educação, foi eleito, derrotando José Serra.
Quanto a este resultado, é bom que se diga: boa parte dos paulistanos detestam o PT, principalmente após o escândalo do mensalão, mas também desaprovaram a gestão de Gilberto Kassab, que apoiava Serra mas ao mesmo tempo quer que seu partido, o PSD, apoie Dilma. Haddad, a despeito de ser desconhecido para a maioria até há pouco (e os poucos que o conheciam lamentavam os graves erros cometidos durante seu trabalho como ministro da Educação), conseguiu a proeza de conquistar a maior parte dos votos (na verdade, não é uma maioria tão expressiva: 56% dos votos válidos), derrotando um político experiente e tarimbado, porém carcomido pela fama de 'traidor' ao abandonar a prefeitura em 2006 para se candidatar à governador, erros lamentáveis de sua campanha e a má impressão deixada pelo grande aliado, o prefeito Kassab.
Haddad e os outros prefeitos eleitos terão sérios desafios a enfrentar, e espera-se que eles tenham capacidade para melhorar a vida das pessoas e tornar suas cidades mais estruturadas e justas para seus habitantes. Caso contrário, os eleitores darão uma resposta dura ao final de seus mandatos, nas eleições de 2016 - ou, pior ainda, as próprias Câmaras Municipais irão se manifestar, por meio de processos de impeachment. Qualquer outra hipótese foge à normalidade democrática.
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