Hoje o blog completa 6 anos de existência, após mais de 1.200 postagens relatando ideias, fatos, versões e um ou outro boato que acabo deixando passar.
Neste período de tempo, muita coisa aconteceu.
Em agosto de 2009, o Brasil experimentava certo otimismo. O dólar custava apenas R$ 1,82, contra R$ 3,47 agora. Não se falava em escândalos na Petrobras, e muita gente pensava que estava tudo em ordem com a maior estatal brasileira. O presidente era Luís Inácio Lula da Silva, cuja imagem estava em alta, apesar das acusações de ser beneficiário do Mensalão, então o maior escândalo do país desde o governo Collor. Sua ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, era conhecida como uma "gerentona", centralizadora e com perfil mais ou menos técnico. Havia relativa calmaria na economia, mas o Brasil ainda não era considerado um local seguro para se investir, pois a Moody's, uma das três agências de classificação de riscos econômicos, ainda dava nota Ba1 ao país, a nota mais alta do chamado "grau especulativo", melhorando a nota apenas em setembro daquele ano.
Agora, a mesma agência está para rebaixar o rating do nosso país, atualmente em Baa2. Há especulações sobre como ela irá proceder e de que forma nossa imagem diante dos investidores será prejudicada. De qualquer forma, a Petrobras se deteriorou muito em seis anos. Lula foi sucedido pela ex-ministra da Casa Civil, que se provou não ter o perfil certo para administrar um país tão complexo e cheio de problemas. Dilma, a "gerentona", nunca se livrou da fama de ser um mero fantoche de seu antecessor, mas até 2013, quando surgiram as manifestações contra os desmandos políticos, tinha certa respeitabilidade.
Já havia extremo ceticismo quanto à capacidade do Brasil administrar eventos como a Copa do Mundo, mas quando ela aconteceu, superou as expectativas, apesar dos problemas seriíssimos na infra-estrutura e nos estádios, concluídos poucos meses antes da Copa - muitos deles ainda em processo de acabamento, como a Arena Corinthians. A Seleção Brasileira de futebol era mal vista e muito questionada, mas não se cogitava perder num placar tão estarrecedor quanto 7 a 1. Nem o mais intransigente inimigo da CBF pensava em algo assim. A maior promessa do futebol brasileiro acabou se tornando o maior (aliás, o único) craque do país: Neymar. Apenas o técnico, em 2009 e em 2015, tem sido o mesmo: Dunga, que comandou a copa de 2010, cedeu lugar após o fiasco na África do Sul para o também gaúcho Mano Menezes, demitido mais tarde para dar lugar a Felipão, outro filho do Rio Grande, ex-comandante da conquista do penta, mas execrado após a Copa de 2014 e substituído por Dunga. Fora isso, já havia a rivalidade entre o português Cristiano Ronaldo e o argentino Messi, entre os maiores jogadores do mundo.
A sede das Olimpíadas de 2016 não foi escolhida ainda, em agosto de 2009. Somente em outubro o Rio foi eleito, com a espinhosa tarefa de suceder Londres. A edição de 2012 foi considerada a melhor de todos os tempos, apesar dos temores acerca da má qualidade do ar londrino. Um atleta se destacava: o jamaicano Usain Bolt. Ele ganhou três ouros olímpicos em Pequim (2008) e viria a ganhar outros ouros mais tarde. Bateu o recorde mundial dos 200 m em agosto de 2009, fazendo 19s19. Pode competir em 2016.
Nestes seis anos os Estados Unidos não conheceram outro presidente, a não ser Barack Obama. O Iraque estava sem governo, mas em 2009 não se cogitava, nem de longe, o surgimento de um grupo que mandava crucificar e decapitar em nome de uma visão particular do Islã. O maior perigo para o mundo, segundo o governo americano, era Osama bin Laden, ainda desaparecido naquele tempo, mas ainda vivo. Alhures, a Grécia já estava combalida, batendo recorde no déficil público, causado por má gestão dos gastos no governo, mas não se pensava em excluí-la do Euro, como agora. A América Latina estava já em processo de "bolivarianizar-se", e o grande mentor era Hugo Chávez. Esta ideologia sobreviveu à morte do ditador venezuelano, alimentada pelos gravíssimos problemas sociais, econômicos e educacionais desta parte do continente.
O papa era o alemão Joseph Ratzinger, denominado Bento XVI, considerado pouco carismático. Ele continua vivo, mas agora quem ocupa o trono de São Pedro é Francisco, o primeiro papa latino-americano. Em 2009, isso era impensável. Quatro anos depois, o cardeal Jorge Mario Bergoglio foi eleito após a renúncia de Bento XVI. Os mesmos problemas da Igreja Católica continuam a ser enfrentados: perda de fieis para os evangélicos e para o Islã, contradições entre o dogma e os costumes atuais, desvios de conduta dos sacerdotes como a pedofilia e a corrupção.
Houve uma grande evolução tecnológica, principalmente na telefonia. Em 2009 o Android ainda estava bem no início de seu desenvolvimento, e o mercado estava ainda dominado pelos celulares comuns, sem sistema operacional, os chamados feathurephones (ou dumbphones). No mercado de informática, muitos sofriam com o Windows Vista, a pior versão do sistema operacional da Microsoft, enquanto o Windows 7 ainda estava em fase de desenvolvimento. Agora, com o mercado de micros e notebooks considerado decadente, o Windows 10 é a grande novidade.
Esta foi uma breve comparação entre os fatos de 2009 e os de 2015. Curiosamente, os dias da semana coincidem nos dois anos considerados. 4 de agosto de 2009 também era uma terça-feira.