Depois dos protestos do dia 16, exigindo a renúncia de Dilma e apoiando a Operação Lava-Jato da Polícia Federal que investiga os desvios na Petrobras, novos protestos foram feitos, oficialmente para dar uma resposta política contra os anti-governo.
Nada de verde-e-amarelo: o vermelho socialista dos movimentos sindicais e sociais foi a cor predominante (Mário Ângelo/Sigmapress/Estadão)
A ideia do PT e de seus aliados da CUT era fazer um grande movimento a favor da presidente, junto com o MTST, a UNE e alguns partidos que se opõem ao impeachment, como o PSOL, o PSTU e o PCdoB. Eles vêem o "Fora Dilma" como um "golpe conservador", sem se importar com o amparo legal (que existe, segundo a Constituição, nos chamados "crimes de responsabilidade", Capítulo II, Seção III, Artigo 85) e com as circunstãncias (que não são assim tão favoráveis ao processo de cassação do mandato, pois se exigem três quintos dos votos válidos dos congressistas, e boa parte deles não está tão certa de dizer "sim").
Na prática, as passeatas de hoje foram enormes campanhas contra o ajuste fiscal, considerado uma ameaça aos direitos dos trabalhadores, a pauta da governabilidade elaborada pelo presidente do Senado Renan Calheiros, e a Presidência da Câmara, pois Eduardo Cunha é o alvo da vez dos chamados "progressistas", um termo inadequado aos partidários de um governo causador de retrocessos econômicos, em prejuízo da estabilidade da moeda conquistada em 1994 e, inclusive, das conquistas sociais obtidas entre 2003 e 2014.
Eles também foram contra Joaquim Levy, o ministro da Fazenda indicado por Dilma, logo a denominação "atos pró-Dilma" feita pela imprensa não é, absolutamente, exata. Levy é homem de confiança da nossa mandatária, que pode parecer louca (principalmente durante os seus discursos) mas não é tanto assim.
Aproveitaram mais para pressionar o governo por mais participação direta, fazendo-o mais semelhante aos regimes populistas de nuestros vecinos auto-intitulados "bolivarianos", mas na verdade corruptos, incompetentes e autoritários. Querem desalojar o PMDB e os outros aliados politicamente mais conservadores que ainda não abandonaram o barco (como o PSD e o PP) devido ao seu adesismo oportunista.
Se Dilma atendesse os manifestantes, as tentativas de governabilidade estariam definitivamente comprometidas, os gastos públicos iriam aumentar, e a ideologia baniria de vez o pragmatismo. Logo, isto não ajudaria em nada a presidente.
Boa parte das grandes cidades do país inteiro foi afetada por estas passeatas, prejudicando as atividades normais dos não-participantes, que precisavam trabalhar, estudar e se locomover. O efeito imediato dessas manifestações foi transtorno e prejuízo. Mas há de se reconhecer o caráter pacífico e ordeiro dos movimentos, pois não houve violência. E, sim, na maior parte dos casos a quantidade de pessoas foi bem menor, comparando com o número de manifestantes no domingo passado.
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