Por aqui, como já escrevi, o conceito de "direita" e "esquerda" é confuso, pois a política está impregnada de patrimonialismo, corrupção, demagogia, populismo e fisiologismo, cometidos por ambas as vertentes. Existem também quem defenda a responsabilidade administrativa e maior racionalidade nos gastos públicos, e é chamado de "esquerdista", enquanto não falta quem fale em "direitos sociais" e "defesa dos pobres" e seja tachado de "direitista".
Na Europa, esta divisão é um pouco menos nebulosa, mesmo porque não há tantos elementos em comum entre "esquerdistas" e "direitistas". Um dos maiores expoentes entre o primeiro grupo, o primeiro-ministro Alexis Tsipras, não resistiu à terrível situação econômica, social e política da Grécia, assolada pela pior crise econômica da história recente, e renunciou.
Tsipras queria fazer os mais pobres não pagarem tanto o preço da austeridade econômica, mas foi convencido pela dura realidade a não se deixar guiar pela sua ideologia socialista. Seu partido, o Syriza, ficou dividido diante das medidas de austeridade impostas pela Europa para a recuperação econômica da Grécia, algo, mal comparando, com o décimo terceiro trabalho de Heracles (Hércules é a romanização deste nome), Sem apoio político, o primeiro-ministro renunciou, e foi obrigado a anunciar eleições antecipadas. Isto só foi possível porque a Grécia não é regida por um regime presidencialista, onde é muito mais difícil um governante impopular perder o mandato (ver o caso do Brasil...).
Muito provavelmente o novo pleito será no dia 20 de setembro. O agora ex-premiê não vai se afastar da política. Pelo contrário: irá disputar as eleições novamente, pois quer dar um tempo para os membros mais intransigentemente socialistas e anti-austeridade serem devidamente derrotados em favor dos favoráveis aos ajustes econômicos. É uma aposta de alto risco, pois a "direita", mais afinada com os interesses do resto da Europa, vai certamente apontar Tsipras e o Syriza como grandes culpados pelo agravamento da crise, aproveitando o pouco tempo disponível, e assim poderá vencer as eleições.
Tsipras saiu do poder na Grécia (Alkis Konstantinidis/Reuters)
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