sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Da série 'Noventolatria', parte 3 - Aqui Agora

Existiu um telejornal no SBT execrado pela crítica e muito assistido pelo público, movido a reportagens policiais, casos escabrosos de violência e bizarrices, e exploração de dramas particulares. Foi o arquétipo do atual jornalismo popularesco, atualmente apresentado pelo Datena e pelo Marcelo Resende, e continua a ser falado por muitos saudosistas. 

O Aqui Agora não foi um primor de jornalismo, mas fez sucesso e marcou a década de 1990. Surgiu em 1991 e foi tirado do ar seis anos depois, para voltar em 2008 e durar bem pouco tempo. 

Luís Lopes Correa bombasticamente apresentava o programa ao lado de Ivo Morganti, Patrícia Godoy e Cristina Rocha. Esta última ainda faz relativo sucesso no programa Casos de Família, na mesma emissora. Morganti foi o âncora, anunciando as notícias "mostrando a vida como ela é". Correa morreu em 1999. 

Tinha como repórteres a chorosa Magdalena Bonfiglioli, o indefectível Gil Gomes e seu gesto típico da mão espalmada e o "defensor do povo" Celso Russomanno, atual candidato derrotado à prefeitura de São Paulo que sempre terminava o serviço dizendo: "Estando bom para ambas as partes..." após brigar com muitos lojistas e prestadores de serviço. 

Ainda havia o impagável Feliz, Felizberto Duarte, já falecido, dono do bordão "E piriri, e pororó", após fazer as suas jocosas previsões do tempo. 

Também chocava pela ousadia em trazer o Maguila, como comentarista político e não esportivo, ameaçando dar porrada nos políticos que lesavam o povo. Isso não durou muito tempo. 

Outros participantes eram Jacinto Figueira Jr., conhecido como "O homem do sapato branco" desde os tempos do também popularesco O Povo na TV (programa de 1981 também do SBT), Ney Gonçalves Dias, Wagner Montes e, por bem pouco tempo, o folclórico Dr, Enéas, imortalizado nas propagandas políticas da época ao vociferar a frase "Meu nome é Enéas!". 

Abaixo, uma coletânea de alguns inícios, disponível no Youtube (canal do EIJaimito): 


Desde então, o jornalismo policialesco e sensacionalista não saiu mais da TV aberta, graças à má qualidade da educação e cultura do povo brasileiro e à violência crônica, com o número de assassinatos maior do que qualquer guerra civil mesmo na Síria ou no Afeganistão. 


N. do A.: Por falar nisso, o assunto do momento é a morte de cinco jovens moradores da extrema Zona Leste paulistana, assassinados por policiais em um ato de vingança, pois três deles foram envolvidos no latrocínio de um colega. Os telejornais não param de falar sobre o crime. 

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