segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Fidel Castro, Rosberg, Palmeiras, Temer...

Os acontecimentos surgem aos borbotões nos últimos dias, dispersando a atenção da imprensa. 

Primeiro, a morte de Fidel Castro, el Comandante, um dos personagens mais icônicos do século XX, líder da Revolução Cubana que derrubou o corrupto ditador Fulgêncio Baptista quando ainda não era claramente comunista, para depois ser um dos mais impiedosos ditadores no pós-guerra. É difícil dizer se as conquistas na área da saúde pública e educação poderiam ser as mesmas se a ilha caribenha fosse uma democracia, algo que nunca foi, mas decerto não haveriam tantos exilados e presos políticos. Em 2006, o velho e já anacrônico barbudo, sofrendo já de câncer devido ao hábito de apreciar os afamados charutos locais, começou a abandonar o poder, entregando-o progressivamente ao irmão Raúl, que está bem longe de ter o seu carisma mas também entrou para a História por abrir-se diplomaticamente com os Estados Unidos, com quem estavam rompidos desde a consolidação do poder castrista. Aquele que ajudou os guerrilheiros angolanos contra as forças da UNITA, apoiada pelo apartheid sul-africano, quase desencadeou uma nova guerra nuclear ao aceitar bombas vindas de Moscou após uma tentativa frustrada de golpe apoiada pela CIA (o episódio da Baía dos Porcos, em 1961) e se tornou um ídolo para os defensores do "socialismo tropical", entre eles muitos intelectuais brasileiros, já faz parte do passado. 

Fidel Castro (1926-2016)

No domingo, terminou a temporada na Fórmula 1, com a vitória de Lewis Hamilton em Abu Dhabi. Esta vitória, porém, foi acompanhada pelo segundo lugar de Nico Rosberg, o campeão da temporada. Com isto, o alemão leva o troféu de 2016, deixando o inglês inconformado. Foi também a última corrida de Felipe Massa, que terminou em nono lugar, conseguindo dois pontinhos. Outro Felipe, o Nasr, não terminou bem a prova, e pode também ficar de fora em 2017, deixando os brasileiros se remoendo, pois ficamos mal acostumados com as vitórias e campeonatos conquistados por Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna.

 O filho de Keke Rosberg ganha um campeonato pela primeira vez (Clive Mason/Getty Images)

Depois, o pronunciamento do presidente Michel Temer, em entrevista conjunta com os presidentes da Câmara e do Senado, assegurando seu veto a uma ideia destrambelhada vinda de congressistas com medo da Lava Jato, a "anistia ao caixa 2"; mesmo se ela vingasse, provavelmente o STF a consideraria inconstitucional. Não teve a repercussão desejada por defensores e detratores do presidente. Nada de elogios aos três por um suposto gesto de boa vontade para com a opinião pública, e muito menos o bater de panelas em protesto contra um governo para muitos tão indigno de confiança quanto o de Dilma. Isso porque ao mesmo tempo muitos estavam anestesiados com outro fato. Foi...

Eles disseram que vão enterrar a tal "anistia", mas ainda falta aprovar o conjunto de leis anticorrupção (do Youtube)

... a conquista do título brasileiro para o Palmeiras, com uma vitória simples sobre a Chapecoense. O time de Cuca, Dudu, Gabriel Jesus e cia. construiu o resultado ao longo do tempo, a ponto de passar a maior parte da temporada na liderança; o time mostrou solidez, apesar de alguns percalços, como a contusão e afastamento do então capitão Fernando Prass, que só voltou no jogo de ontem, e os conflitos de interesses entre o clube e a WTorre, construtora do Allianz Parque e também investigada pela Lava Jato (mas bem longe de estar como a Odebrecht, construtora da Arena Corinthians e envolvida visceralmente com o mar de lama); o time alviverde soube aproveitar seu elenco e conta com uma administração melhor do que a da maioria dos clubes brasileiros.

 A festa do Palmeiras, que esperava ganhar um Brasileirão desde o fim de 1994 (Divulgação)

E hoje houve a repercussão do julgamento de Elize Matsunaga, a assassina do marido e executivo da Yoki, Marcos Kitano Matsunaga, morto a tiros e esquartejado em maio de 2012 (ou, segundo a acusação, retalhado logo após levar o tiro, e ainda vivo). Muitos creem numa pena mais leve do que 22 anos, devido ao juri ser formado por 4 mulheres, contra 3 homens, mas não se pode reduzir isso a um mero caso de resposta desproporcional a maus-tratos por parte do executivo, que a traía sistematicamente. Afinal, nada pode ser comparado a um esquartejamento. Não punir severamente um assassinato desse tipo poderia estimular novos atos com este nível de crueldade, e o Brasil está brutalizado com tanta violência. 


N. do A.: Outros assuntos ganharam também certo destaque, como a Argentina conseguir heroicamente ganhar da Croácia na Copa Davis, e em boa parte por causa de Juan Manuel Del Potro, um dos maiores tenistas da atualidade, e destaque nas Olimpíadas do Rio.  

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