Lutar pela democracia na China é uma tarefa arriscada, mesmo quando as únicas armas utilizadas são a inteligência e a coragem. Foi o caso de Liu Xiaobo, renomado pacifista atuante nos protestos de estudantes que culminaram no Massacre da Paz Celestial (Tiananmen), em 1989. Professor da Universidade de Pequim, foi o responsável pelas negociações entre os ativistas e o governo chinês naquele episódio, além de outras atividades sempre pacíficas que culminaram em sua prisão, da qual só saiu no final do mês, sofrendo de um câncer no fígado incurável.
Foi preso pela primeira vez após os acontecimentos na praça Tiananmen, e conduzido à prisão Qinchen, sendo libertado em 1991. Porém, não desistiu de lembrar os mortos que lutaram por mais liberdades num país que crescia a níveis assustadores e ia mitigando tanto a miséria entre a imensa população do país quanto as vozes dissidentes. Mais tarde, já sem o cargo de professor, foi processado por "propaganda contrarrevolucionária", mas não chegou a ser novamente detido, por falta de provas.
Mais tarde, foi conduzido a uma unidade de "reeducação pelo trabalho", por criticar o Partido Comunista Chinês e relembrar os acontecimentos de 1989. Ficou três anos em uma espécie de "campo de concentração", onde se casou com a atual esposa, Liu Xia.
Em 2007, voltou a ser processado por usar a Internet em servidores de países menos sujeitos a censura, e em uma entrevista feita para a Deutsche Welle, canal alemão de televisão, relembrou as vítimas de 1989.
No ano seguinte, assinou a Carta 08, junto com outros 350 intelectuais, pedindo separação e independência dos poderes, menos centralização de poder e liberdades públicas. Esta carta foi publicada no sexagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de dezembro de 2008). Por isso, ele foi condenado por subversão e preso em Jinzhou.
Pelos seus esforços, a Academia o premiou com o Nobel da Paz em 2010. Nem ele, e nem a esposa, posta também em prisão domiciliar, foram autorizados a receber o prêmio. Era a terceira pessoa a ser impedida de comparecer à cerimônia: a primeira foi o pacifista alemão Carl von Ossietzky (1889-1938), que também morreu sem recobrar a liberdade, internado num campo de concentração nazista três anos após ser premiado, e a segunda foi Aung San Suu Kyi, a famosa líder birmanesa, então no cárcere quando foi agraciada, em 1991.
Em retaliação, a ditadura chinesa fez protestos contra a premiação, fazendo ataques duros contra o dissidente preso, e chegou a romper relações diplomáticas com a Noruega. país onde o Nobel da Paz é anunciado.
Sua doença só foi diagnosticada muito tarde, e muitos especulam a responsabilidade do governo chinês tanto na negligência do tratamento quanto nas causas do câncer que viria a tirar-lhe a vida. As organizações de direitos humanos fizeram críticas severas à China por isso.
Mulher faz homenagem póstuma a Liu Xiaobo, mártir da liberdade na China, morto tragicamente aos 61 anos (Alex Hofford/EPA) |
Foi preso pela primeira vez após os acontecimentos na praça Tiananmen, e conduzido à prisão Qinchen, sendo libertado em 1991. Porém, não desistiu de lembrar os mortos que lutaram por mais liberdades num país que crescia a níveis assustadores e ia mitigando tanto a miséria entre a imensa população do país quanto as vozes dissidentes. Mais tarde, já sem o cargo de professor, foi processado por "propaganda contrarrevolucionária", mas não chegou a ser novamente detido, por falta de provas.
Mais tarde, foi conduzido a uma unidade de "reeducação pelo trabalho", por criticar o Partido Comunista Chinês e relembrar os acontecimentos de 1989. Ficou três anos em uma espécie de "campo de concentração", onde se casou com a atual esposa, Liu Xia.
Em 2007, voltou a ser processado por usar a Internet em servidores de países menos sujeitos a censura, e em uma entrevista feita para a Deutsche Welle, canal alemão de televisão, relembrou as vítimas de 1989.
No ano seguinte, assinou a Carta 08, junto com outros 350 intelectuais, pedindo separação e independência dos poderes, menos centralização de poder e liberdades públicas. Esta carta foi publicada no sexagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de dezembro de 2008). Por isso, ele foi condenado por subversão e preso em Jinzhou.
Pelos seus esforços, a Academia o premiou com o Nobel da Paz em 2010. Nem ele, e nem a esposa, posta também em prisão domiciliar, foram autorizados a receber o prêmio. Era a terceira pessoa a ser impedida de comparecer à cerimônia: a primeira foi o pacifista alemão Carl von Ossietzky (1889-1938), que também morreu sem recobrar a liberdade, internado num campo de concentração nazista três anos após ser premiado, e a segunda foi Aung San Suu Kyi, a famosa líder birmanesa, então no cárcere quando foi agraciada, em 1991.
Em retaliação, a ditadura chinesa fez protestos contra a premiação, fazendo ataques duros contra o dissidente preso, e chegou a romper relações diplomáticas com a Noruega. país onde o Nobel da Paz é anunciado.
Sua doença só foi diagnosticada muito tarde, e muitos especulam a responsabilidade do governo chinês tanto na negligência do tratamento quanto nas causas do câncer que viria a tirar-lhe a vida. As organizações de direitos humanos fizeram críticas severas à China por isso.
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