quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Duas notícias para marcar o dia

Reciclando uma velha piada sobre duas notícias, a má e a boa, vou inverter a ordem e escrever primeiro a boa: 

1. O Banco Central resolveu diminuir ainda mais os juros básicos, para 7% ao ano. É a taxa mais baixa já vista. Inflação baixa e boa safra agrícola contribuíram para a decisão. Não deixa de ser uma boa notícia, e isso pode vir a ser explorado por algum candidato governista nas eleições de 2018, mas para o consumidor final a compensação costuma demorar bastante, como sempre. Os juros bancários e do cartão de crédito, como se sabe, não dependem apenas da taxa básica, mas de outros fatores, como o endividamento das pessoas e a taxa de inadimplência, além das políticas internas de cada banco. Por isso, esses juros, ainda altíssimos, parecem ter uma trajetória algo diferente da Selic: em novembro, segundo o G1, houve um ligeiro aumento. Mas, analisando em períodos de tempo mais longos, o que se cobra pelas instituições financeiras, via de regra, acaba acompanhando a Selic, conforme a tabela abaixo (site Minhas economias, do Terra): 



2. A má notícia nada tem a ver com economia: é a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele disse que a embaixada americana em Israel vai ser mesmo em Jerusalém, onde não existe representação de nenhum país. Alega-se que ele está cumprindo promessa de campanha - mesmo por lá promessas políticas são mais ficção do que realidade - e também seguindo uma lei de 1995, aprovada pelo Congresso de lá, o Capitólio, desde sempre muito influenciado pelos judeus e evangélicos. Seus antecessores (Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama), conscientes do risco de transferir a embaixada para a cidade reivindicada por israelenses e palestinos como capital de seus territórios, sempre adiaram em seis meses a decisão, apresentando suas justificativas perante o Capitólio. Hoje Trump resolveu fazer uma aposta arriscada, o que agradou ao governo de Israel, mas deixaram os países aliados entre preocupados e furiosos, sempre advertindo a Casa Branca para um possível recrudescimento do terrorismo islâmico. Mahmoud Abbas, líder da Fatah e governante da Cisjordânia, disse que os EUA perderam as condições de mediarem os conflitos entre seu povo e os israelenses. Para muita gente, os americanos apenas perderam a hipocrisia - eles sempre tenderam para o lado de Israel nas negociações. (*)

Trump usou o "kipá" para visitar o Muro das Lamentações; ele tem ótimas relações com o governo israelense, embora boa parte dos israelenses não o veja com bons olhos (AP/van Vucci)

(*) N. do A.: Se houvesse uma escolha para "vergonha mundial", o presidente Trump não poderia concorrer, por ser hors concours, por ser um candidato forte demais, tal a quantidade de decisões consideradas imprudentes ou insensatas, como o tal muro na fronteiro do México ou a impetuosidade excessiva no trato com o tirano da Coréia do Norte Kim Jong-un, que ameaça a paz mundial. 

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