terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Nossos governos humanitários

O presidente Temer facilitou os indultos para aqueles acusados de crimes considerados não violentos. Isso inclui, em tese, todos aqueles cometidos por necessidade famélica, os chamados "ladrões de galinha" e assemelhados, assim como os presos considerados de baixa periculosidade. Porém, esta medida obviamente tem endereço certo: os autores de crimes chamados "de colarinho branco", ou seja, corruptos e corruptores, que não precisam de violência e coação para prejudicar nosso país.

Mais do que razões humanitárias ou necessidade de atenuar a situação das prisões, realmente desumana no Brasil, a motivação é basicamente política. Existem muitos investigados pela Lava Jato, e aqueles já condenados, a maioria ligados às empreiteiras, como a Odebrecht, mas também alguns políticos não cobertos pelo foro especial para prerrogativa de função, como o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, são aliados. Também Temer está consciente do grande envolvimento do seu partido, o PMDB (futuramente, MDB), com o ex-presidente Lula, condenado em primeira instância por Sérgio Moro por uma das várias acusações de corrupção contra ele. O próprio Temer deve estar prevendo complicações futuras, principalmente quando sair do governo, pois existem evidentes acusações de corrupção contra ele em pessoa.

Pela mesma razão - as alianças políticas - o presidente do Peru, Pedro Paulo Kuczynski, recém-salvo do impeachment, concedeu indulto ao ex-ditador Alberto Fujimori. Existem muitos simpatizantes do velho déspota, com 79 anos e saúde frágil, condenado por corrupção e abuso de poder. Os fujimoristas ficarm divididos ao julgarem Kuczyinski por corrupção e envolvimento com a Odebrecht. O presidente "quase impichado" retribuiu o apoio de parte deles, mas criou uma atitude temerária capaz de aumentar o número de descontentes.

Enquanto os poderosos recebem essas benesses, os cidadãos comuns sofrem: em pleno Natal, anunciou-se um aumento de 9% na energia elétrica, alegando aumento de encargos e a péssima situação dos reservatórios, pois ainda dependemos muito do sistema hidro e termoelétrico. O governo age como Papai Noel para os beneficiários do "indulto humanitário", e, para o povo, comporta-se como personagens infames como Krampus (o demônio que age no Natal para atormentar suas vítimas) ou o Grinch (personagem folclórico que estraga festas natalinas).

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