quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 15 - Indústrias de materiais elétricos

Encerrando a série sobre as indústrias brasileiras, este blog fala sobre a (triste) situação do setor elétrico. Assim como na indústria eletrônica, a indústria de materiais elétricos é dominada pelas multinacionais. 

Lâmpadas, por exemplo, são de procedência chinesa, tanto as já obsoletas fluorescentes quanto as de LED, quando não são da Osram (alemã), da Philips (holandesa) ou da Luxfort (americana). Havia a FLC e a Golden, mas ambas faliram. Existem as lâmpadas mais sofisticadas, de halogênio ou dicroicas, onde os produtos chineses são menos predominantes, mas ainda assim este mercado não é explorado por empresas brasileiras. 

Fios e cabos elétricos também são dominados por estrangeiras, como a Prysmian italiana e a Furukawa japonesa, mas existem fabricantes locais como a Sil e a Induscabos. 

Disjuntores e outras peças para instalações elétricas também estão neste caso, embora haja empresas fortes como a Wetzel, a Fame e a Steck. A Eletromar é um caso curioso de empresa antes brasileira que passou para mãos de estrangeiras como a Westinghouse e a Eaton, americanas, e a alemã Hager, e agora está nas mãos de um grupo brasileiro, a Mec-Tronic. Trata-se de uma empresa "repatriada", como a Coqueiro ou a CCE. 

A Suprens, empresa que nasceu no bairro paulistano da Casa Verde, e a Inca, de Mococa (cidade interiorana paulista, próxima à divisa com Minas Gerais), precisam disputar, com desvantagem, o mercado de abraçadeiras e outros equipamentos de fixação de cabos elétricos com a britânica HellermannTyton e a americana 3M. 

Resistores, capacitores e indutores, peças fundamentais para qualquer sistema elétrico, são produzidos, em maior parte, pela Siemens, existindo pequenas fabricantes tanto brasileiras quanto chinesas e de outras procedências. 

Equipamentos de controle de iluminação, aparentemente prosaicos, há tempos possuem uma marca hegemônica, a Legrand francesa. Ela adquiriu várias marcas nacionais, como a Pial, a HDL, a Bticino e a famosíssima Lorenzetti. Esta última ainda é sinônimo de chuveiro, embora divida o mercado com a também famosa Corona (marca do grupo brasileiro Hydra) e a já citada Fame. 

Grandes indústrias como a Eaton e a ABB (sueca), além da Siemens, controlam o mercado de equipamentos de alta tensão. Neste nicho as empresas brasileiras praticamente inexistem. 

Em suma, o mercado de produtos elétricos é quase tão ingrato para as fabricantes nacionais quanto no caso dos produtos eletrônicos, abordados na primeira postagem da série. As empresas nacionais, ao longo dos anos, ou fecham ou são adquiridas por empresas estrangeiras, com algumas exceções. 

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