quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Pautas para outubro

Além das tradicionais séries "Oitentolatria", "Noventolatria", "Mondo Cane" e, mais recentemente, "Filósofos estudam o Brasil", ainda há outros assuntos a explorar, fora os aziagos temas já superexpostos na mídia e nas redes sociais (leia-se: política, economia, COVID-19, etc.)

Este blog deve manter o compromisso de variar as pautas, como está, de certa forma, fazendo, mas outra coisa a se fazer é melhorar a qualidade das charges, que não podem ser comparadas às dos mestres chargistas do Brasil. A médio prazo, é para se pensar em voltar às tirinhas. 

Uma coisa é certa: muita coisa ainda vai ser publicada neste ano interminável. 

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Saraiva, a que já foi gigante

Com uma história secular, desde 1914, quando foi instalada uma pequena livraria no Largo do Ouvidor (junto ao Largo São Francisco e à Faculdade de Direito), em São Paulo, a Saraiva está em recuperação judicial e ameaça fechar as portas, apesar de sua aparente pujança. Ainda existem várias lojas em funcionamento, entre as quais a mais tradicional, na Praça da Sé, próxima da antiga matriz. Outras, porém, já fecharam as portas, num processo doloroso de decadência. 

Não se pode acusar a Saraiva de não ter se adaptado: ela foi a pioneira no comércio on-line em 1998 e na venda de e-books, além de diversificar os negócios, vendendo diversos produtos, de smartphones a material escolar. Adquiriu outras grandes livrarias, como a Editora Atual e a Siciliano, em um processo de expansão, e assim a Saraiva conseguia sobreviver, quando todo o setor estava em crise, devido à expansão da Internet e às limitações no mercado bibliográfico em um país onde a leitura não é algo tão disseminado. Mas problemas de gestão desde 2013 levaram a Saraiva a seguir o mesmo caminho dos concorrentes. 

Em 2018, a empresa tinha assustadores R$ 675 milhões em dívidas, forçando-a a pedir recuperação judicial. Muitas lojas fecharam, outras foram vendidas, mas tudo piorou quando 21 editoras vinculadas à Saraiva exigiram a devolução de boa parte dos estoques de livros, em 2020. Houve planos de recuperação, mas os credores não acharam viável, e a tradicional livraria está bem perto do fim. 

A Saraiva chegou a ter várias megastores, verdadeiras superlojas, mas boa parte delas, como a do Botafogo, no Rio, fechou (Eduardo P./Wikimedia, pelo site Tecnoblog)


terça-feira, 28 de setembro de 2021

Da série "Filósofos estudam o Brasil", parte 17 - Entrevista com Nietzsche

Teremos mais uma entrevista fictícia com um pensador influente, o alemão Friedrich Nietzsche. O autor de livros como Assim Falou Zaratustra, A Gaia Ciência, O Nascimento da Tragédia e Além do Bem e do Mal viveu entre 1844 e 1900, mas ficou no Brasil neste século XXI apenas para analisá-lo. Abaixo, uma entrevista (após Sasha Hilhorst ter feito isso em 2018 em um site chamado Medium.com). 

Friedrich Nietzsche, pensador alemão

Assuntos 1000: Sr. Nietzsche, há muitas lendas correntes entre o vulgo a respeito de suas obras. Uma delas é a sua associação com o niilismo. O que o senhor acha disso?

Nietzsche: É necessário sempre desconfiar da opinião corrente. A humanidade está acostumada a se guiar por lugares comuns. Eu não posso me definir apenas como niilista. Se o conceito de niilismo for o de não acreditar na vida presente, nestes conceitos limitados acerca da existência humana, então eu sou. 

Assuntos 1000: E o uso de seu pensamento pelos nazistas?

Nietzsche: Eles deturparam totalmente o sentido. Subordinaram o conceito de super-homem, o além do homem (Ubermensch), aquele que não se dobra a valores pré-estabelecidos e supera suas limitações, para atribuirem uma superioridade do povo alemão sobre os outros, e, com isso, cometerem desatinos. É certo que o super-homem aspira ao poder e quer exercê-lo em sua plenitude, mas não pode afirmar esse poder por meio de assassinatos, como eles fizeram. 

Assuntos 1000: Por isso, o senhor foi acusado de antissemitismo.

Nietzsche: Não me rotulem de antissemita, nem de inimigo dos judeus, por favor! Isso decerto é algo inventado pela minha irmã, Elizabeth, que se aventurou no Paraguai com o marido para fundar uma colônia tropical alemã. Pobre mulher! Impressionou-se depois com o talento de Adolf Htiler para iludir os incautos! No fundo, não posso culpá-la por suas fantasias. Eles queriam transformar um terreno cheio de lama em santuário para os homens superiores...

Assuntos 1000: Está registrado que o senhor não conseguiu produzir no final de sua vida por causa de seus problemas mentais. Há registros de demência causada por sífilis, contestados mais recentemente em estudos que apontam para demência frontotemporal. 

Nietzsche: Sim, eu poderia responder isso pela falta de necessidade de ter algo a dizer, já que expus todo antes de 1889, quando me retirei, mas isso seria complicado para fazer os homens comuns entenderem. Levaria horas para expor minha defesa. 

Assuntos 1000: Há quem afirme que a doença o acometeu desde a juventude e só em 1889 o impediu de escrever...

Nietzsche: Meu trabalho não pode ser taxado de obra de um louco, na acepção vulgar. Querem difamar-me, por ter afirmado "Deus está morto". Não percebem o uso metafórico do termo. Quando digo que Deus está morto, significa o avanço do pensamento secular sobre as velhas crenças do passado. Não foi alguém chamado Friedrich Nietzsche, ou alguém dotado de um pensamento além do senso comum, o autor do assassinato de Deus ou alguma divindade, mas é a evolução de nosso pensar ao longo dos séculos. 

Assuntos 1000: O senhor analisou o Brasil. Quais são suas impressões?

Nietzsche: Analisei, e cheguei à conclusão que o Brasil é um páis enorme, com clima acima do tolerável para quem está acostumado a viver na Europa. Mas isso são obviedades. Não sou antropólogo ou sociólogo para fazer um juízo particular sobre o povo do Brasil, sem considerar a mesquinhez onde a humanidade em geral está mergulhada. Pensar apenas nas necessidades básicas é algo bem distante de quem aspira a viver na plenitude, e isso é o caso de boa parte das almas viventes, não só no Brasil. Quando não estão lutando pela sobrevivência, cultivam a preguiça mental típica dos homens medíocres, cultivando todo o tipo de preconceitos, limitações, desculpas para não crescerem como pessoas. E isso não mudou desde o meu tempo. Ó homens! Ó mulheres! Até quando temerão o abismo à beira do qual estão vivendo? 

Assuntos 1000: Isso lembra um lugar comum sobre o nosso país à beira do abismo.

Nietzsche: E continuaráo dessa forma, pois toda a existência está sujeita a acabar se precipitando nele (no abismo) a qualquer momento. A diferença está na forma de vivenciar essa experiência, da qual poucos teriam condições de escapar. Sugiro que leiam meus livros e reflitam, sem levarem em consideração os críticos ou as opiniões preconcebidas. 

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Enquete: O que vai acontecer primeiro?

a) O preço dos combustíveis vai parar de subir. 

b) A Alemanha vai se esquecer de Angela Merkel após o fim dos seus 16 anos de governo. 

c) Vamos ver o fim da epidemia. 

d) Haverá uma lei na Coréia do Sul para proibir a carne de cachorro, tradição culinária local. 

e) Fim da crise hídrica. 

f) Talibã vai fazer um regime democrático no Afeganistão. 

g) Vai nascer um animal de sete cabeças e dez chifres!

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Uma solução brasileira para a expansão da energia fotovoltaica

A empresa Eternit, gigante no mercado de telhas para construções, desenvolveu recentemente um produto com células fotovoltaicas em sua superfície para a captação de energia solar. 

Cada telha, medindo 36,4 cm por 47,5 cm, é capaz de desenvolver uma potência de 9,15 W (ou 1,15 kWh). Projetos experimentais foram feitos nas cidades paulistas de Marília e Ourinhos, e na cidade paranaense de Cambé. O maior deles, de Marília, usou 560 telhas e pretende gerar 550 kWh/mês, considerando perdas de geração. 

Neste mês, as telhas estão disponíveis para venda em Atibaia, onde existe uma fábrica do grupo. Nos próximos anos, estas telhas fotovoltaicas ficarão disponíveis para o resto do país. Isso mostra uma evolução considerável do grupo Eternit, pois até há poucos anos o carro-chefe eram as famigeradas telhas feitas com amianto (crisotila), produto considerado perigoso à saúde por liberar fibras de silicato cancerígenas. 

Telhas fotovoltaicas produzidas pela Eternit (Divulgação)


quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Funkos

É raro alguém não ouvir falar de um "Funko Pop!", ou melhor, aqueles bonecos cabeçudos (bobbleheads) produzidos pela empresa americana Funko, feitos em vinil. 

Fundada em 1998 por Mike e Claudia Becker, a empresa passou a ganhar notoriedade após a venda em 2005, e seu CEO é Brian Manotti. Em 2012, os bobbleheads renderam US$ 20 milhões apenas em propaganda. 

Esses bonecos foram inspirados, de certa forma, nas figuras chibi japonesas, subproduto da valorização da estética kawaii (fofo). Sua estrutura é basicamente igual, com cabeças enormes, olhos pretos e grandes, narizes e bocas pequenos. Apenas a roupa, os cabelos e a cor da pele variam. 

A maior parte vem da cultura pop, mas existem algumas personalidades reais. 

Shang-Chi, protagonista do filme homônimo da Marvel

Feitceira Escarlate, também do Universo Marvel, personagem do cultuado WandaVision


Neo, do filme Matrix; o quarto filme da saga, Ressurrections, será lançado em dezembro

Alguns bonecos não seguem o formato padrão, principalmente quando não são humanos, como o Tubarão Rei do filme Esquadrão Suicida, da DC


Sílvio Santos, caso de celebridade real


Existem também falsos "Funko Pop", geralmente para satirizar figuras como Lula (mostrado como um presidiário), Luciano Hang (mostrado como o "Véio da Havan") e o presidente Jair Bolsonaro. 


quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Da série 'Filósofos estudam o Brasil', parte 16

Mais um embate filosófico, desta vez entre o francês Augusto Comte (1798-1857), criador do positivismo, e o alemão Karl Marx (1818-1883), apontado como o "pai do socialismo científico" ou "pai do comunismo". Desta vez, a discussão ficou mais acalorada e menos polida, em relação às diatribes anteriores. 

Augusto Comte analsiou a sociedade à luz das teorias científicas

Karl Marx defendia métodos efetivos para a implenetação do socialismo

Marx: Meu pensamento venceu, caro monsieur Comte! Elaborei a teoria do socialismo científico e depois de quase duzentos anos ainda ele é debatido. 

Comte: Por motivos errados! Os senhores estão ainda querendo ajustar o mundo à sua forma de pensar, e isso está se mostrando totalmente desconexo da realidade!

Marx: Mas, e a sua teoria? Por que não aplicam na prática?

Comte: O positivismo requer disciplina e boa vontade para ser aplicado. Requer o método científico, necessário para o progresso real das nações. 

Marx: Como teorias matemáticas abstratas podem gerar progresso? O que gera prosperidade é a conscientização dos trabalhadores, que devem se unir para se contraporem aos donos do capital. 

Comte: Isso gera conflitos e desordem!

Marx: Sua teoria leva à mecanização da sociedade, o que é antinatural!

Comte: Não, monsieur Marx! A química, a física, a biologia, as ciências em geral, explicam a natureza das coisas e dos seres, inclusive os humanos! O que é antinatural é querer uma luta de classes para forçar a igualdade econômica! Não existe igualdade sequer entre duas impressões digitais, quanto mais entre pessoas como um todo!

Marx: Não estou querendo forçar igualdade nenhuma! Isso é típica propaganda da classe dominante contra meu pensamento!

Comte: Tenho defensores mais qualificados que os seus! Intelectuais dignos desse nome defendem a moral positiva, a noção de ordem para se chegar ao progresso!

Marx: Militares o apoiam! Meus defensores são filósofos, historiadores, intelectuais!

Comte: E na prática as suas ideias levariam aos regimes comunistas responsáveis por uma elite burocrática enquanto os povos permanecem empobrecidos. Tiranias como na União Soviética, na China, em Cuba!

Marx: Deturparam os conceitos do socialismo científico! Mentiram para os povos!

Comte: Sua teoria é uma mentira por si!

Marx: E o lema positivista na bandeira do Brasil, um país com tantos problemas? Isso deve ser chamado do quê?

Comte: Não culpe o meu pensamento! No Brasil, não quiseram adotar porque não há o devido valor à educação e à ciência. Os responsáveis pela condução desse país se deixam levar pelo comodismo e interesses mesquinhos, além de muitos deles quererem implantar a SUA teoria!

Marx: Não confunda com as deturpações feitas por demagogos!

Comte: Defenso a verdade e não a fantasia. O que realmente deve ser feito, mesmo em desacordo com falsos anseios!

Marx: Seus acólitos são pessoas com medo do povo!

Comte: E seus defensores são populistas!

Marx: Não generalize, monsieur! Existem populistas defensores de pensamentos odiosos, como esses tais bolsonaristas!

Comte: Não me fale dessa gente! Eles são inimigos da ciência! Uns bárbaros! Contrários aos métodos consagrados, à vacinação, à convivência harmoniosa! 

Marx: Nisso eu concordo, mas voltemos à nossa discussão...

(E ela continuaria noite adentro)

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Nova reunião na Assembleia Geral da ONU

Como é tradição, o presidente do Brasil é o primeiro a discursar em uma edição da Assembléia Geral da ONU, falando de assuntos já tratados em outras oportunidades, como a pandemia em curso, economia, agronegócio, desmatamentos, Amazônia e relações entre a União, os Estados e os municípios em tempo de COVID-19. Desta vez, a repercussão foi realmente grande. Eis a íntegra (Youtube, canal da CNN Brasil): 


Além da fala solipsista do presidente, reflexo de sua visão particular da realidade, outros líderes também discursaram e também não foram unanimidade. Joe Biden reafirma a tradição dos Estados Unidos de manter a sua política externa, dando um recado claro à China. Xi Jinping, por sua vez, também fez questão de defender a atuação do governo chinês em outros países, e falou também em democracia, algo inexistente no gigante asiático. 

As potências, não só Estados Unidos e China, falaram novamente em compromissos para diminuirem as emissões de gás carbônico, investindo mais em fontes de energia renováveis, e combaterem os efeitos da pandemia, algo para ser conferido depois, quando as ações práticas forem implementadas. 

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Voltemos a abordar a doença...

Apesar da COVID-19 estar em processo de declínio no mundo, o Brasil ainda está mal no cenário. O número de casos e mortes ainda continua elevado, e poderia ser bem pior se não houvesse vacinas disponíveis para imunizar a população. E poderia ser melhor, caso o cronograma de vacinação fosse melhor estruturado, com mais coordenação e menos disputa por vaidades políticas e ideológicas. 

Recentemente, o Brasil passou por um desabastecimento na vacina da Fiocruz, em conjunto com a AstraZeneca. Semana passada, o fornecimento foi aparentemente normalizado. Por outro lado, continuam as suspeitas contra a Coronavac, a vacina mais empregada no mundo, da chinesa Sinopharm, devido à eficiência relativamente baixa. Mesmo assim, a entrada de brasileiros imunizados com este produto é permitida nos Estados Unidos, na Espanha, na Alemanha e nos Países Baixos. 

Para suprir a falta da AstraZeneca, chegaram a usar a vacina da Pfizer (esquerda) como segunda dose para quem tomou o imunizante de origem inglesa; estudos mostraram não haver problemas neste procedimento, apesar da natureza diferente dos dois produtos (Dado Ruvic/Reuters)


Medidas de restrição foram relaxadas devido à tendência de queda, como a permissão de não usar máscara em locais abertos (continua a ser obrigatório em locais fechados, devido ao risco bem maior de contaminação), mas ainda há o risco das variantes mais contagiosas, como a "delta" e a "mu". Estudos estão avançando para saber como essas variantes atuam, e quais medidas precisam ser tomadas sem demora para impedir novos surtos. 

Esta é uma pandemia ainda ameaçadora para nós, e todos os cuidados possíveis devem ser tomados para podermos derrotar o vírus e retomar as atividades normais plenamente. 


N. do A.: O presidente Jair Bolsonaro é alvo de verdadeiro linchamento moral pela imprensa mundial, devido ao seu descaso com as medidas a tomar contra a COVID-19, e tratado como um bufão extravagante a defender o "negacionismo" e o uso de remédios paliativos como a ivermectina no lugar da vacinação. Ele foi até Nova York para a Assembleia Geral da ONU, e irá se defender das acusações de incúria contra as medidas para conter os desmatamentos, além de tentar promover o agronegócio, abalado pela má repercussão sobre o meio ambiente e os casos isolados de "vaca louca" em Minas Gerais e no Mato Grosso. 

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Apertemos (mais) os cintos

Ontem, houve o aumento do IOF para pessoas jurídicas e físicas, constituindo mais uma tunga no bolso do povo na hora de fazer alguma operação financeira como oferecimento de créditos, transações cambiais envolvendo moedas estrangeiras ou títulos mobiliários, entre outros. Para as pessoas físicas, a taxa aumentou de 0,0082% para 0,01118% diários, enquanto as pessoas jurídicas pagarão 0,00559% por dia (contra 0,0041% anteriormente). Segundo o governo, esse aumento vale até dezembro, para custear o Auxílio Brasil. 

NOSSO DINHEIRO sendo tratado pela crise

Para muitos economistas, isso irá encarecer ainda mais o crédito concedido pelos bancos, além de gerar impacto, mesmo limitado, na inflação, cuja taxa ameaça estourar a meta do ano. Também sepulta a ilusão de esperarmos diminuição de impostos por parte do governo, pois ele continua a gastar muito e mal o NOSSO DINHEIRO, não só por conta da folha salarial mas também pelos crônicos problemas de gestão e leniência com quem desvia verbas públicas. 

Enquanto isso, tudo está encarecendo, desde produtos de primeira necessidade como arroz e feijão, até produtos eletrônicos (estes últimos devido diretamente à escassez na produção de semicondutores, afetada pela pandemia), passando pelos combustíveis. 2021 será o ano das vacas magras atoladas no brejo até o pescoço. 

quinta-feira, 16 de setembro de 2021

Da série "Asno pergunta, jumento responde"

 Pergunta: O vulcão lá das ilhas Canárias vai entrar em erupção e provocar tsunami no Brasil. E agora?


Respostas: 

a) Isso é fake news dessa imprensazinha sensacionalista. É só um vulcãozinho, assim como a COVID-19 é uma gripezinha!

b) Um vulcão não é nada perto da boca do Bozo que causa desastres piores!

c) Vai suprir a falta de água nas cidades do litoral. Não, pera! É água salgada...

d) Agora é tempo de ler alguma profecia do Nostradamus...

e) Mais uma esquete dessas? Não tem coisa melhor pra colocar neste blog? (N. do A.: Olha aí o ensinamento do sábio Seu Madruga sobre responder pergunta com outra pergunta!)

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

SpaceX lança em órbita quatro pessoas

A SpaceX de Elon Musk conseguiu mais uma proeza ao lançar o primeiro lançamento civil tripulado da História, no foguete Crew Dragon Resilience, pertencente à missão Inspiration4. Com isso, a empresa do polêmico bilionário sul-africano espera começar a formar mercado para o turismo espacial, colocando gente interessada em sobrevoar a órbita do planeta Terra. 

Transmitido pelo Youtube, o lançamento se deu no Centro Espacial Kennedy, no Cabo Canaveral (Flórida). Quatro passageiros estavam a bordo. e nenhum deles são astronautas profissionais. Um deles é o magnata Jared Issacman. Eles ficarão três dias em órbita. 

Os quatro tripulantes da missão (Divulgação)



N. do A.: A SpaceX conseguiu avançar em algo, enquanto o governo Bolsonaro parece patinar na economia, e o São Paulo mais uma vez fracassa na Copa do Brasil, torneio no qual nunca foi bem sucedido, ao ser derrotado pelo Fortaleza por 3 a 1 nas quartas de final. 

terça-feira, 14 de setembro de 2021

Justiça?

Recentemente, foi concedido o direito de Suzane von Richtofen, a assassina dos próprios pais, foi autorizada a sair da prisão para cursar a faculdade de Farmácia em Taubaté. 

Também foi concedida prisão domiciliar ao médium João de Deus, condenado por vários casos de abuso sexual em Abadiânia, em Goiás. 

Naji Nahas, megaespeculador responsável pela quebra da bolsa do Rio em 1989 por manobras de especulação financeira, foi o anfitrião num jantar de luxo com o ex-presidente Michel Temer. 

Justiça no Brasil? Estes são casos para refletir...

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Da série "Filósofos estudam o Brasil", parte 15

Arthur Schopenhauer viveu entre 1788 e 1860, sendo contemporâneo de Hegel, com quem teve sérias desavenças, por discordar de sua visão sobre a natureza da realidade. O pensador nascido em Dantzig, na Prússia, atual Gdansk, defendia a visão da realidade como subjetiva e não racional, ao contrário de Hegel. Essa concepção teve influência de outros intelectuais, como Goethe, com quem Schopenhauer chegou a discutir ideias. Sua obra-prima, O Mundo Como Vontade e Representação, não teve muita repercussão quando foi publicada em 1818. O autor só passou a ser cultuado mais tarde, após publicar outros livros, como Da Vontade da Natureza, Dialética Erística e Parenga e Paralipomena

Arthur Schopenhauer (1788-1860) foi um dos primeiros homens ilustres a ser fotografado (Jacob Seib)


Em sua obra, a vida é vista como um imenso palco de sofrimento, a ânsia de querer, a vontade. A realidade é uma projeção mental de cada ser humano, compreensível pelos fatores Espaço, Tempo e Casualidade, mas a Vontade seria a essencia de todo o entendimento, o motor a reger a compreensão e o aprendizado sobre o mundo. Essa concepção fez os críticos apontarem Schopenhauer como pessimista e trágico, e sua filosofia influenciou escritores como Machado de Assis e até músicos como Richard Wagner. 

Para o filósofo, a arte seria a redenção da humanidade, pois ela acaba satisfazendo os anseios da Vontade e amenizando o sofrimento. 

Poderíamos ser levados a dar razão a Schopenhauer no uso da Internet e das redes sociais, quando se criam narrativas de acordo com as "realidades", sem necessariamente ater-se aos fatos. Numa perspectiva mais ampla, o Brasil é conhecido por ser um país onde há várias necessidades, com várias manifestações de vontades e buscas por meios de sobrevivência, quando não por metas para sair da pobreza ou da margnialidade, ou correção do que cada pessoa interpreta como injustiça, onde a violência e os privilégios de poucos são gritantes. Por outro lado, o Brasil é tido como um terreno fértil para os artistas, dos mais variados gostos e talentos, embora muito se discuta sobre a qualidade atual das obras - mas eles continuam a produzir, mesmo assim. 


N. do A.: Poderíamos perguntar a Schopenhauer a sua visão sobre os protestos do dia 7 de Setembro e os do dia 12, quando foi expressa a vontade de manifestantes. As multidões de bolsonaristas não surtiram o efeito esperado, e muito menos os grupos (menores) de opositores no domingo, quando o MBL e o Vem Pra Rua, antigos inimigos do PT, não conseguiram adesão contra o populismo e os desmandos do governo Bolsonaro. 

sábado, 11 de setembro de 2021

20 anos do horror

Não é possível esquecer daquele 11 de setembro de 2001, quando as Torres Gêmeas de Nova York foram atacadas por aviões sequestrados por terroristas suicidas da al-Qaeda e depois se desintegraram, para matar mais de 3.000 pessoas e mudar o mundo para sempre. 

Ainda estamos à mercê do terror (Steve Ludlum/NYT)


Infelizmente, após o combate ao terror, a guerra e a ocupação estrangeira no Afeganistão, base de operações de uma das mais terríveis organizações do radicalismo islâmico, não permitiu ao Ocidente sonhar com a segurança. O Taleban, apoiado pela al-Qaeda, voltou ao poder recentemente, após a retirada das tropas norte-americanas, com a sensação de anos e bilhões de dólares jogados fora. 

Foram feitas medidas para conter o terrorismo no Ocidente, mas elas mais tolheram a liberdade dos cidadãos do que contribuíram para desestimular os criminosos e os sociopatas interessados em causar sofrimento alheio em nome de uma causa. 

Por isso, não se descarta a possibilidade de algo igualmente horrível, acontecendo em qualquer outro lugar, para mostrar que a humanidade ainda está sob ameaça. 

quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Pronunciamento do presidente divide apoiadores

O presidente Jair Bolsonaro notou os efeitos de seus atos durante o dia 7 de setembro, bem menos favoráveis do que imaginava. Foi alvo de críticas do ministro Luís Roberto Barroso, um dos alvos dos bolsonaristas, em termos bastante duros (leia AQUI), e também posicionamentos pouco favoráveis por parte dos chefes do Legislativo (deputado Arthur Lira e senador Rodrigo Pacheco) e do Judiciário (ministro Luís Fux). A quantidade de manifestantes, embora grande, não serviu para intimidar ninguém, ainda mias pela falta de policiais e militares para apoiarem os protestos, e os caminhoneiros estarem bloqueando estradas para pressionarem a favor da radicalização política. Para piorar, o mercado notou a fragilidade do presidente e a Bovespa despencou 3,78%. 

Ele precisou da ajuda do ex-presidente Michel Temer, o mesmo responsável pela condução do "inimigo número 1" Alexandre de Moraes ao STF, para fazer um pronunciamento acenando para a volta da harmonização entre os poderes. 

É notória a tática do presidente de fazer ameaças, e depois relativizar, o que tem irritado até mesmo aliados dele. 

Enquanto o filho mais velho, Flávio Bolsonaro, apoiava o pai, outros seguidores, como o blogueiro Allan dos Santos, do canal Terça Livre, e a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), lamentaram. O jornalista Rodrigo Constantino, também convertido ao bolsonarismo, chegou a dizer: "O presidente sucumbiu ao sistema". 


N. do A.: Por falar em sistema, a Câmara aprovou na surdina uma alteração radical no Código Eleitoral, ou o Projeto de Lei Complementar 112/21, com base no texto da deputada Soraia Santos (PL-RJ), impondo uma quarentena de cinco anos para policiais, militares e juízes (e dificultando a candidatura de pessoas como o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro). Outros pontos são a permissão de candidaturas coletivas, a limitação dos poderes da Justiça Eleitoral para impor as normas para os candidatos, e o aumento das penas para o candidato que utilizar fake news em sua campanha, sujeitando-o a uma pena entre 1 e 4 anos de detenção. Tais medidas desagradam boa parte da base de apoio do presidente e seus aliados, e algumas das pautas citadas podem representar um afrouxamento na fiscalização de candidaturas, facilitando a vida dos "fichas sujas". 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Balanço das manifestações

As manifestações do dia 7 de setembro não foram um sinal de ruptura institucional como disse parte da oposição, e nem um ultimato do governo contra o STF. 

Houve considerável participação, especialmente em Brasília e em São Paulo, onde o presidente Jair Bolsonaro fez discursos, citando um certo "conselho da República" com deputados, senadores e ministros do STF, prometidos para hoje e não cumpridos. Ele ainda disse não aceitar que "qualquer autoridade (...) passe por cima da nossa Constituição". e disse também não querer ruptura. Por outro lado, ele também disse que o STF pode sofrer "aquilo que não queremos", e ameaçou não respeitar decisões do ministro Alexandre de Moraes, alvo preferido dos manifestantes. 

Enquanto mais de 125 mil pessoas encheram a Avenida Paulista para apoiar o governo, outros 15 mil participaram de atos contra ele, a favor das vacinas e do STF (e também de Lula e do PT). Não houve baderna digna de nota, apenas pequenos casos esporádicos. Nota-se pouca preocupação com o uso de máscaras contra a COVID-19 para exercerem o direito de protestar. 

Manifestantes em Brasília (Divulgação)

Presidente discursa para seus apoiadores (Divulgação)

Uma multidão lotou a Avenida Paulista para protestar contra o STF e também o Congresso (Divulgação/Twitter)

No Anhangabaú, oposição também vai às ruas (Divulgação/Rede Globo)

Não foi a multidão esperada pelos bolsonaristas, mas foi suficiente para mostrar que não só o presidente está cometendo desmandos neste país. O fim da Operação Lava Jato não foi apenas obra do Executivo, mas dos outros dois Poderes. E os relatos sobre gastos abusivos do NOSSO DINHEIRO com lagostas e vinhos, e também resistência ao corte de supersalários não foram esquecidas, isso para não falar das decisões para calar pessoas em nome do combate às fake news, e o fetiche dos apoiadores do presidente como pretexto para contestarem resultados de eleições (isto é, o voto impresso). 

E hoje, o chefe do Judiciário, Luís Fux, fez duro discurso para alertar quem está tendo a ideia de desrespeitar o Supremo além das "quatro linhas da Constituição", enquanto Arthur Lira, presidente da Câmara, Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, e o procurador-geral da República Augusto Aras pedem a volta da harmonia entre os Poderes. Embora a imprensa, majoritariamente contra o governo, e a oposição falem em abrir um processo de impeachment, os líderes aludidos não citaram o termo. Para isso, seriam necessários dois terços das duas Casas do Legislativo para punir Bolsonaro com a perda do mandato. Segundo nomes como Carlos Ayres Britto e Celso de Mello, ex-integrantes do STF, motivos não faltam, como estimular a desobediência a outro Poder (o Judiciário), mas isso depende da avaliação dos deputados e senadores. 

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Preparemo-nos

As manifestações pró e contra o governo acontecerão, e não ficarão apenas nas demonstrações de descontentamento contra o STF e o Congresso de um lado, e contra o presidente Jair Bolsonaro de outro. Nas principais cidades, haverá monitoramento dos acontecimentos nas ruas. Fala-se muito em violência, ameaça de ruptura institucional e até na delirante ideia de intervenção militar, mas deveremos acompanhar os fatos enquanto eles acontecem. 

Não se pode descartar nada, considerando o comportamento impulsivo do presidente e os interesses dentro das esferas dos nossos Três Poderes, e também das Forças Armadas. A beligerância promete se estender até 2022 e nos anos seguintes. Serão anos de verdadeiros testes de resiliência para o nosso país, até ele tomar um rumo mais sólido para o seu destino, de acordo com a sua grandeza. O Brasil não pode continuar a ser vilipendiado. 

Legados da Paralimpíada

Enquanto a mídia concentra atenção no maior escândalo recente do futebol mundial (ler AQUI), pouco se falou das Paralimpíadas em Tóquio, que terminaram ontem. 

Para os atletas brasileiros, foi um reconhecimento dos seus esforços. A delegação obteve o maior número de medalhas de ouro da história (23) e empatou com a edição de Londres em número de medalhas (72). O nadador Daniel Dias, escolhido para ser o porta-bandeira no encerramento, encerrou a carreira vitoriosa. Ele conquistou três medalhas de bronze na categoria S5, para nadadores com lesão medular moderada: 100 e 200 m livres e revezamento 4x50 m. Em sua carreira, ele conseguiu 27 medalhas olímpicas, sendo 14 de ouro, 7 de prata e 6 de bronze. 

Daniel Dias foi o porta-bandeira da delegação durante a cerimônia de encerramento das Paralimpíadas (Issei Kato/Reuters)

Mais do que promover a inclusão dos deficientes e mostrar seus potenciais como competidores, as Paralimpíadas deste ano foram resultado de um esforço para se tornarem viáveis em meio à pandemia de coronavírus. Por outro lado, o Japão levará anos para esquecer os prejuízos econômicos causados pela pandemia e pela organização dos Jogos. Os organizadores em Paris estão cientes dos riscos, inclusive o da COVID-19 se tornar uma doença endêmica em 2024. 



N do A.: O escândalo envolvendo o jogo interrompido pela Anvisa entre Brasil e Argentina foi um festival de erros e omissões, por parte da AFA (a associação do futebol argentino), a CBF, a Conmebol e os organizadores da Neo Química Arena em Itaquera. A Anvisa, que invadiu o campo aos cinco minutos do primeiro tempo, já havia alertado sobre os riscos do jogadores argentinos atuantes em clubes ingleses, listados como possíveis riscos de transmissão do coronavírus e que deveriam cumprir quarentena (Martínez, Buendía, Lo Celso e Cristián Romero). Isso tudo repercutiu na imprensa esportiva do mundo inteiro, e pode ter consequências atrozes, inclusive para a Fifa. 

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

Museu do Ipiranga vai finalmente reabrir

Depois de uma restauração iniciada após ter fechado ao público em 2013, o Museu Paulista, ou Museu do Ipiranga, agora com 70% do trabalho concluído, vai reabrir no mês de setembro de 2022, bem na data do bicentenário da Independência. Até lá, a pandemia terá regredido e o museu poderá ficar aberto à visitação logo após a reabertura. 

O Museu Paulista, no Ipiranga, próximo de onde D. Pedro I proclamou a Independência em 1822 (Marcos Santos/USP)



O espaço foi ampliado, com novos equipamentos de segurança, elevadores e um novo sistema de ar-condicionado. e o acervo foi também incluído na restauração. Há peças datadas do tempo da Independência, como mobília, objetos de porcelana e veículos, além do famoso quadro "Independência ou Morte (O grito do Ipiranga)", de Pedro Américo. 

Espera-se que em 2022, no bicentenário da emancipação política do nosso país, haja condições para visitar o museu e conhecer o passado. O lugar escapou de ser destruído por falta de cuidados, como aconteceu com o Museu Nacional, vítima de um incêndio em 2018, 



N. do A.: Há quem tema um país "incendiado" após as manifestações do próximo 7 de setembro, mas provavelmente não haverá grandes tumultos, e sim uma grande massa de descontentes. De um lado, os descontentes com os governadores, o Congresso e o Judiciário, somados aos defensores de "!intervenção militar" e outras aberrações. De outro, os defensores do antigo status quo, esperançosos com a volta de Lula, ou sonhando com um improvável impeachment do presidente. 

quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Da série "Filósofos estudam o Brasil", parte 14

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)

Costuma-se atribuir a Georg Wilhelm Friedrich Hegel, nascido em Stuttgart, na então Prússia, o desenvolvimento do chamado "idealismo alemão", influenciado por Emmanuel Kant e Johann Fichte (1762-1814). Ele desenvolveu um modelo dialético, isto é, o pensamento derivado de Platão que consiste no desenvolviemnto de uma tese, de seu oposto (a antítese), a análise subsequente e a síntese derivada da conclusão desta análise, em sua obra Fenomenologia do Espírito

Outra obra importante é o Princípio da Filosofia do Direito, onde ele, como vários outros pensadores antes dele, estuda o Direito Natural e o Direito Legal, já desconsiderando os aspectos sobrenaturais. Ele utiliza-se de três esferas básicas, o direito abstrato (os direitos fundamentais), a moralidade (ordenação de costumes segundo tradições, marcadas pelo subjetivismo) e a eticidade (ordenação de costume segundo as leis). Sua preocupação é a fundamentação jurídica do Estado, para ele o representante da vontade e o fim em si (por isso seus detratores o acusam de formular os modernos regimes autoritários e totalitários), cujo enfraquecimento leva às formas degeneradas de sistema político, definidas por Aristóteles: a tirania, a oligarquia e a oclocracia. Ele também teria definido o conceito de "fim da história", impressionado com os efeitos da Revolução Francesa. 

Hegel muitas vezes é visto como um precursor de Karl Marx e Friedrich Engels, guiados pelos "jovens hegelianos" como Ferdinand Lassalle  Também é visto como influenciador do nazismo, por sua visão do Estado como regulador da sociedade, vista como parte dele. De qualquer forma, Hegel é muito estudado nos círculos universitários. 

O filósofo alemão veria o Brasil como um exemplo de nação desorganizada, onde o Estado não cumpriria seu papel e onde as leis não são aplicadas de forma a garantir a defesa contra as formas degeneradas de governo. Ele teria concordado mais com Lula e outros políticos defensores de um governo provedor, mas estranharia os costumes deles, pouco de acordo com o modelo prussiano (na sua época) de organização estatal. Também iria opor-se aos princípios liberais e ao bolsonarismo, aí visto como fruto da desorganização social.