sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

100 anos da Semana de Arte Moderna

No dia 13 de fevereiro de 1922, portanto há quase cem anos, São Paulo recebeu o maior choque cultural de sua História com a Semana de Arte Moderna. 

Acostumado com o academismo nas artes plásticas, o parnasianismo na literatura e o romantismo musical, o público ficou estarrecido com as obras expostas. O primeiro dia da exposição foi marcado por uma conferência dada pelo poeta Graça Aranha, "A Emoção Estética da Arte Moderna". O poeta maranhense, então membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), era um dos representantes da transição do Parnasianismo para o Modernismo, sendo um dos poucos a romper com a ABL, dois anos depois de ter participado deste evento. 

Três cartazes feitos por Di Cavalcanti para a divulgação do evento, e uma charge com caricaturas irreverentes dos expoentes do evento feita por Belmonte, o criador do Juca Pato

Depois, o estranhamento só piorou. Muitos torceram o nariz para obras como "Cabeça de Mulher", escultura de Victor Brecheret, "A Estudante", pintura de Anita Malfatti, e outros trabalhos "futuristas", como fizeram questão de frisar a mídia da época. Mário de Andrade deixou muita gente furiosa com o recital de seu poema Ode ao Burguês, e Ronald de Carvalho foi alvo de escárnio por fazer o mesmo com Os Sapos, de Manuel Bandeira, que não compareceu pessoalmente. Ainda havia a música de Heitor Villa Lobos, que apresentou obras como Girassol, Danças Africanas e Terceiro Quarteto, que não agradaram os ouvintes. Guiomar Novaes tentou se recusar a tocar a obra Embriões Dissecados, de Eric Satie, uma paródia de Chopin, e foi elogiada pela imprensa ao tocar obras de Claude Debussy, já falecido na época. 

Não foi só aí que o público foi obrigado a engolir os "futuristas", pois haveria novas obras para consolidar o movimento modernista, entre as quais o famoso Abaporu, pintado por Tarsila do Amaral em 1928. Romperam-se os laços com o tradicionalismo herdado da Europa, principalmente da França, e surgiram o Manifesto Antropofágico de Mário e Oswald de Andrade, e o Verde-Amarelismo de Plínio Salgado e Menotti del Picchia. 

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