segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Ford completa um ano apenas como importadora

Oitentólatras e noventólatras recordam os carros da Ford produzidos no Brasil: Corcel e seus derivados (Belina, Del Rey, Pampa), Escort, Fiesta, a picape F-1000, entre outros. Sem falar nos grandes modelos anteriores, como o Maverick, a Rural (antes da Willys) e o Galaxie, este último considerado por muitos o mais requintado da nossa indústria automotiva. 

Isto é passado. Atualmente, a Ford só importa veículos, como a SUV Bronco e a picape Maverick (homônima do clássico esportivo, já citado acima e também numa postagem anterior), vindas do México, enquanto a picape Ranger vem da Argentina. Ou seja, para desespero dos chauvinistas, a Ford continua ativa nesses países governados por gente acusada de seguir a cartilha vermelha, igualando-os à tirania "bolivariana" da Venezuela e as ditaduras cubana e nicaraguense. Pior para os trabalhadores demitidos das fábricas de Camaçari (Bahia) e São Bernardo do Campo (São Paulo), fechadas no início de 2021. 

Enquanto isso, a Ford, mesmo fora do Brasil, amarga prejuízos milionários por aqui, devido aos incentivos fiscais a serem devolvidos e aos custos de se importar qualquer coisa, graças ao dólar alto, aos efeitos devastadores da pandemia de COVID-19 e aos crônicos problemas macroeconômicos, que desestimulam quem produz e penaliza os trabalhadores. Parte da culpa também recai sobre a própria empresa, acusada de privilegiar a produção de carros compactos, cuja margem de lucro é menor, em detrimento dos veículos maiores, sobretudo os SUVs. O Fiesta e o Ka, últimos modelos produzidos no Brasil, não eram bem aceitos, e a SUV Ecosport, que já passou por um melhor período de vendas, enfrentava concorrência feroz. Isso custou à empresa R$ 61 bilhões, em valores estimados, nos últimos oito anos. 

Ford Bronco, SUV vinda do México, não seria fabricada no Brasil nem se a empresa americana resolvesse manter as fábricas de Camaçari e São Bernardo do Campo (Motor Show)



A Ford é apenas uma das grandes empresas multinacionais a não mais aproveitar a mão-de-obra brasileira para fabricar seus produtos. Isso não se reverterá no curto prazo, seja quem for eleito nas eleições presidenciais deste ano. 

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