quarta-feira, 21 de setembro de 2022

A "morte" da Itapemirim

No Brasil, assim como no mundo todo, empresas têm um ciclo de vida: são fundadas (nascem), crescem, desenvolvem-se, pedem concordata (adoecem gravemente) e entram em falência (morrem) quando as condições para sua existência se tornam difíceis, como má administração, crises econômicas, obsolescência de seus produtos, etc.

A Itapemirim, tradicional empresa de transporte rodoviário capixaba, fundada na cidade de Cachoeiro do Itapemirim em 1953 por Camilo Cola, era um dos orgulhos do estado do Espírito Santo, transportando milhões de pessoas em sua história. Foi a viação pioneira nos veículos de três eixos, chamados de Tribus. No século XX esses ônibus eram afamados, com destaque para um comercial de 1985 (ou seja, naqueles loucos anos 1980...) onde ele é comparado a outros veículos, com o slogan: Perto dele, tudo parece um brinquedo. Na década de 1990, houve o Cinebus, com telões para exibição de filmes para os passageiros. 

A Itapemirim foi mais uma empresa brasileira a perecer, entre tantas outras de triste memória. Este é o famoso Tribus II, da empresa (Luiz Ucelli/Divulgação)

Mas o Grupo Itapemirim não era formado só por transporte rodoviário. Houve a expansão dos negócios em outras áreas, como a agricultura e a mineração. Houve a Itapemirim Cargo, nos anos 1990, para concorrer no transporte aéreo de cargas, mas a iniciativa foi um fracasso. 

Sua maior concorrente foi a também capixaba Águia Branca, que não teve uma biografia tão acidentada e hoje ainda é uma empresa atuante no ramo. 

No século XXI, não conseguiu se manter frente à concorrência acirrada, não só da Águia Branca mas também de outras viações, e acumulou prejuízos, chegando a dever R$ 2 bilhões, cifra por causa da qual foi condenada a ter a falência decretada hoje. Camilo Cola já não estava à frente do grupo, e a família vendeu a sua parte na empresa em 2016, quando a situação já era pouco sustentável, pela irrisória quantia de R$ 1, a Sidnei Piva, dono da viação Caiçara (Kaissara). Ele tentou retomar os negócios, mas a recriação dos serviços aéreos, vistos como extremamente ousados em 2021, precipitou a queda, e o fim do grupo Itapemirim teve um desfecho dramático. 

Camilo Cola não viveu para presenciar o destino de sua antiga empresa: morreu em 2021, aos 97 anos. 

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