sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Aniversário macabro

Há exato um ano, a Rússia invadiu a Ucrânia pensando em dissuadir o país a entrar na OTAN e tentar "desnazificá-lo", enquanto visa anexar a região oriental, com expressiva população russa. Não faltaram, e ainda nao faltam, acusações de querer a anexação total da Ucrânia por razões "históricas" desde a Idade Média, de acordo com o pensador político, defensor de uma ideologia totalitária "eurasiana" mesclando cristianismo conservador, ultranacionalismo e stalinismo, Aleksandr Dugin. 

A intenção era um ataque rápido, mas a resistência ucraniana foi muito maior do que a esperada, e o Ocidente ainda contribui com armas. Como resultado, o conflito não acabou, e ainda está longe do fim, apesar da resolução da ONU impondo o cessar fogo e a retirada das tropas invasoras. Os países aliados dos Estados Unidos, em geral, votaram a favor, e o Brasil também, mas a China, a Índia e a África do Sul se abstiveram. Países como Coréia do Norte, Síria e Nicarágua votaram a favor dos russos. 

ONU começa a falar mais alto contra a Rússia, mas o gigante não dá nenhum sinal de parar a guerra contra a Ucrânia, que chega ao seu primeiro ano (Timothy A. Clark/AFP)


Esta resolução será, como todas as outras, inócua, e teria igual efeito se o apoio fosse maior. A Rússia não cede, e ainda fala em uso de armas nucleares. Os Estados Unidos e o Ocidente ainda veem isso como um blefe, mas provocar o líder russo seria uma imprudência terrível, como até a Estátua da Liberdade sabe. 

Volodymyr Zelensky, o presidente ucraniano, não esmoreceu, e ainda confia na capacidade de resistência das tropas de seu país. Ele ainda fala em retirada das tropas mandadas pelo Kremlin neste ano, mas falar em fim do conflito ainda é prematuro, mesmo porque Putin não desistirá de assegurar suas conquistas, mesmo às custas de derramar sangue de milhares de seus soldados. 

E o Brasil? Seu papel continua modesto e ambíguo, querendo agradar Moscou e Kiev. O país vai demorar para deixar o papel de "idiota do vilarejo" e assumir o protagonismo internacional, mas para muitos, principalmente a mídia nacional e estrangeira, o Brasil leva um pouco mais a sério o seu papel, e mandou uma proposta de paz para russo e ucraniano ver. Também foi o único dos BRICS a não se omitir na votação de ontem. 

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