Apesar de toda a tecnologia, ainda nos lembramos de elementos do passado. Gostamos de carros, trens, ônibus, ambientes, objetos, filmes, animações, músicas antigas, a despeito de tudo o que é produzido de mais moderno, com recursos mais sofisticados.
Isso também vale para pensamentos e ideias, vistos pelos "progressistas" como ultrapassados e obsoletos.
Por que gostar do antigo? Tome-se um exemplo. Os carros modernos são mais econômicos e contam com mais tecnologia e itens de conforto, embora sejam muito "iguais" uns em relação aos outros. Por outro lado, fala-se muito em "alma" ou de uma "personalidade" de um veículo, como se ele fosse um ser vivo - o que ele não é, pois depende de um condutor para funcionar. É difícil não simpatizar com o Fusca, apesar de seus defeitos, seu motor barulhento e pouco potente, seu desconforto ao rodar, em comparação a um dos seus "sucessores" na Volkswagen, o Golf. Por outro lado, não há nada parecido com o velho "besouro", em termos de formas, popularidade e "carisma", nem mesmo as tentativas de recriá-lo (as novas gerações ou "New Beetle").
Outro exemplo está nas produções do cinema. Antigamente tudo era mais limitado, dependendo dos recursos dos atores e dos diretores. Agora isso é facilitado pelo uso de efeitos especiais e verbas bem mais generosas. Por que os filmes do século passado ainda são tão cultuados, enquanto muitos desprezam as produções atuais, consideradas como "porcarias", onde o enredo é atropelado pela computação gráfica. Antes, as produções conseguiam entreter e causar emoções fortes nos espectadores sem gastar milhões, e agora parece haver um esforço maior para conseguir manter o público nas salas. Aliás, elas estão mais concentradas nos shopping centers, um cenário bem diferente das salas dedicadas em prédios e nos estacionamentos drive in.
Muito se tem pensado a respeito e as discussões sobre o assunto prometem continuar enquanto existir a humanidade. Será o gosto pela infância, quando tudo era diferente de agora? Ou a insatisfação com o moderno, considerado falho e incapaz de resolver certos problemas como se fazia antigamente?
É sempre bom aprender com as técnicas e pensamentos dos antigos, embora não seja salutar se apegar a eles. Tampouco é prudente desprezar o "velho" em favor do "novo", pensando no futuro como se ele fosse uma época superior para destruir a "obsolescência" e a "imperfeição". Vivemos no presente, usando o passado como referência para a construção do futuro.
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