sexta-feira, 26 de julho de 2024

Abertura das Olimpíadas quase sem público

Este blog ainda está para pesquisar quem teve a brilhante ideia de fazer a cerimônia de abertura fora de um estádio, o que sem dúvida é inédito, mas também bem mais difícil de fazer o público acompanhar todo o evento. 

Antes, a abertura ficava restrita a um espaço estrito, como um estádio, possibilitando ao público acompanhar tudo. Agora, espalharam ao longo do rio Sena, fazendo quem estiver em determinado local só assistir a uma parte do espetáculo. 

Apesar do esquema de segurança ter dificultado o acesso do público a pretexto de impedir a infiltração de terroristas, esse mesmo esquema fracassou em impedir a série de sabotagens nos trens, dificultando os deslocamentos. E quem conseguiu contornar esses problemas saiu frustrado com o que conseguiu ver. 

Só quem acompanhou pela televisão conseguiu curtir o evento. Por aqui, só a Globo transmitiu na tevê aberta. No Youtube, o CazéTV foi o responsável pela transmissão. 

Muita gente estranhou as delegações dentro de barcos sobre o famoso rio que banha a capital francesa, acusado de ser poluído desde antes do tempo da noite de São Bartolomeu, quando muitos cadáveres o emporcalharam. Não adiantou muito a prefeita de Paris ter mergulhado por lá para provar que as águas são seguras. 

O desfile das delegações foi várias vezes interrompido por vários espetáculos, como a da Lady Gaga cantando Edith Piaf, ou a Aya Nakamura, estrela do show business nascida no Mali e uma das sensações do pop mundial, fazer mais uma de suas performances. Houve também um mascarado relembrando outros personagens misteriosos da cultura francesa, como Belphegor, o Homem da Máscara de Ferro e o ladrão que roubou a Mona Lisa, mas comparado com o personagem de videogame Ezio, de Assassin's Creed. Ele cavalgou num cavalo mecânico como um cavaleiro do Apocalipse. Muita gente se perguntou quem era o homem (ou a mulher) por trás da máscara. 

No final, o misterioso "ser" entregou a tocha a Zinedine Zidane, um dos maiores ídolos locais, e este deu sequência ao revezamento, com Rafael Nadal, Nadia Comaneci, Carl Lewis, Serena Williams e vários atletas franceses, culminando com os tricampeões Marie-José Perec e Teddy Riner, cada um com três medalhas de ouro olímpicas no atletismo e no judô, respectivamente. Eles acenderam juntos a pira em forma de balão, homenagem ao primeiro voo com este tipo de veículo, feito pelos irmãos parisienses Montgolfier em 1783. E a abertura terminou com um show de Céline Dion, a famosa cantora canadense do Titanic, cantando em sua língua materna (ela é de Montreal, na parte francófona do país) e mostrando sua luta contra a Síndrome da Pessoa Rígida, que lhe tolheu os movimentos e a fez emagrecer muito. 


O fogo olímpico estará confinado num balão até o fim das Olimpíadas (Yoan Valat/EFE/EPA)



Um formato tão inusitado e elitista deve ter alimentado muitas teorias da conspiração, particularmente aquelas que acusam o governo francês de estar contra o povo e trabalhar junto com as grandes corporações (inclusive as emissoras de televisão) para uma futura tirania mundial. 

Por fim, não se pode desprezar as atrações turísticas, como o Louvre, o Arco do Triunfo, as Tulherias e a Torre Eiffel, todos cenários do grandioso mas "antidemocrático" evento, realçando a beleza e o esplendor da Cidade-Luz. 

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