segunda-feira, 29 de julho de 2024

Clima olímpico destruído (e não é só por causa da eleição na Venezuela)

As eleições venezuelanas foram consideradas mais importantes, para a mídia e para o futuro da América Latina, do que os Jogos em curso. Como era esperado, o ditador Nicolas Maduro foi proclamado vencedor da eleição, por um sistema eleitoral dominado pelos seguidores do regime. 

Os principais nomes da oposição, Maria Corina e Edmundo Gonzalez, protestaram, exigindo o resultado real das urnas, pois não houve um número divulgado. Celso Amorim, enviado brasileiro e um dos pouquíssimos observadores internacionais autorizados a entrar no país, foi conversar com o ditador e com reperesentantes da oposição. Mais convictos, representantes de outros governos contestaram o pleito e os embaixadores de sete países - Argentina, Chile, Costa Rica, Panamá, Peru, República Dominicana e Uruguai. Chama a atenção a inclusão do representante chileno nesta lista, pois o país andino é governado por Gabriel Boric, considerado também de "esquerda", como Maduro, mas ele adotou um tom quase tão duro quanto Javier Milei, o presidente argentino de "direita", contra as eleições de ontem. 

Nicolás Maduro proclamou sua vitória, em uma das eleições mais suspeitas dos últimos tempos (Juan Barreto/AFP)

Fora isso, os conflitos envolvendo Israel e as organizações terroristas Hamas e Hizbollah geraram mais um punhado de mortes de inocentes, com o bombardeio a uma escola em Gaza e o ataque a um campo de futebol nas Colinas de Golan atribuído ao Hizbollah, matando 10 israelenses, a maioria menores de idade. 

Na Inglaterra, um adolescente com transtornos mentais matou duas crianças e feriu outras seis com uma faca ao invadir uma escola de balé em Southport, pequena cidade próxima a Liverpool. O autor da barbárie foi preso e a polícia ainda investiga os motivos. 

Esta profusão de notícias impactantes (e horrendas) acaba com qualquer espírito olímpico, ainda mais uma edição tão contestada dos Jogos. Para o lado do Brasil, a expulsão da nadadora Ana Carolina Vieira por atitude agressiva contra a própria comissão técnica acabou recebendo os mesmos holofotes dos outros atletas. Rafaela Silva, judoca ouro no Rio, ficou sem medalha ao ser desclassificada na disputa pelo bronze com a japonesa Haruka Funakubo. Bia Haddad foi eliminada pela eslovaca Anna Schmiedlová por 2 sets a 0 (6-4 e 6-4) mas continua na briga em disputa de duplas, vencendo as chinesas Yuan e Zhang por 2 sets a 0 (também 6-4 e 6-4) com Luísa Stefani. Por outro lado, a skatista Rayssa Leal fez o que se esperava dela e conquistou a medalha de bronze, enquanto Larissa Pimenta ganha bronze no judô categoria 52 kg, ao derrotar a favorita Odette Giufridda. O também judoca Willism Lima perdeu a luta final para o japonês Hifume Abe, na categoria 65 kg, e acabou ficando com a prata. 


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