sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Da série 'Tabela Periódica como você nunca viu', parte 6 - A turma do oxigênio

Como a família anterior, 5A ou 15, a família 6A ou 16 parece ser uma reunião de alhos com bugalhos. Mais uma vez, quem dá o nome ao grupo é o único gás da família, apenas porque ele está mais em cima da tabela. O grupo tem o estranho nome de "calcogênios", para fazer frente aos seus vizinhos chamados de "halogênios", a serem tratados na próxima postagem da série.


A maior parte dos elementos do grupo são não-metais, e dois deles são conhecidos pela sua tara, conforme veremos adiante. Por hábito, eles gostam de se envolver com um metal para satisfazer o desejo de ter dois elétrons a mais na sua eletrosfera. Porém, fisicamente, um elemento é tão diferente do outro que consegue dar nó na cabeça dos pobres estudantes de ensino médio que precisam decorar a tabela periódica. É como comparar a medusa com o boitatá.

Oxigênio: De todos os elementos, o oxigênio é o mais tarado. Este gás louco e biscate é conhecido por se envolver com todo tipo de metal, corrompendo-o, num processo chamado de oxidação. Mesmo os metais mais comportados adoram se envolver com este elemento prostituído. É um amigão dos outros não-metais, principalmente do seu primo enxofre, do carbono e do nitrogênio, mas o resultado dessa amizade resulta em muitas merdas combinações de gases fedidos e venenosos loucos para nos ferrar. Aliás, o oxigênio sempre precisa estar presente em qualquer suruba envolvendo um metal garanhão e um não-metal ou metal homo ou bissexual, como já foi visto nas outras postagens. Dois oxigênios reunidos formam o gás responsável pela nossa existência. Três oxigênios juntos, no entanto, podem tirar vidas ao invés de mantê-las, a não ser que estejam bem longe de nós para filtrar os raios solares.

Enxofre: Este elemento do inferno é também um pervertido, como o oxigênio, e não pode ver um metal por perto. Até mesmo os metais mais indefinidos gostam de se envolver com ele. Como o oxigênio, odeia a solidão e gosta de ficar com vários outros átomos. Sua fama de acompanhar "aquele-de-muitos-nomes" é por causa do seu óxido, uma desgraça de gás fedorento e tóxico existente no ovo podre, nas flatulências, na poluição em geral. Combinado com a água ele forma o ácido sulfúrico, e aí a casa cai de vez. Aliás, a casa, o carro, as pessoas, tudo vira um monte de destroços queimados em contato com esse ácido. Sozinho, ele é uma pedra melequenta, amarela e meio mole usada em alguns amuletos, confirmando a fama do elemento ser do além. 

Selênio: Fala-se muito desse elemento atualmente por causa da sua fama contra a caspa e fazer bem à saúde em pequenas doses (em excesso, porém, vai arruinar de vez a saúde do infeliz). Porém, quase ninguém sabe o jeitão dele. Existe em várias formas, e a mais comum é a de uma pedra cinza e meio brilhante. Ou seja, ele gosta de enganar os estudantes de química otários incautos com sua aparência meio de metal. Na verdade, ele é um não-metal quase tão a fim de pegar elétrons dos metais nas relações quanto o oxigênio e o enxofre. Às vezes gosta de variar as relações e ter algo além das amizades com outros não-metais. É mesmo um elemento safado.

Telúrio: É um pouco parecido com o elemento acima, e sua natureza é ainda mais indefinida, tanto é que já foi chamado de semi-metal. Sua aparência brilhante de metal esconde a sua tara pelo sódio, pelo potássio, e outros metais doadores de elétrons, já que, como os demais elementos da família, ele quer pegar dois elétrons. Esse elemento até tenta parecer discreto, mas já foi comprovado que até o ouro, o mais metido a besta dos metais, que nunca reage com ninguém, foi visto fazendo coisas indecentes com o telúrio. A esta relação os mineralogistas chamam de calaverita. 

Polônio: Se todos os demais gostam de receber dois elétrons dos metais, este elemento quer fazer diferente. Na verdade, por incrível que pareça, esse elemento tem característica de um metal, apesar de estar tão à direita na tabela periódica. Ele gosta de doar elétrons ao invés de receber, quatro ou até seis de uma vez, mas na maioria das vezes não consegue, e por isso fica p*** da vida, emitindo raios alfa, beta, gama, o que for, para expressar sua ira. É muito empregado por agentes secretos russos para envenenar suas vítimas. Cuidado com ele!

Livermório: Como é tradição, alguns membros da IUPAC batizam os elementos artificiais para sacaneá-los ou porque beberam um pouco além da conta, mas a motivação maior é homenagear seus colegas físicos e químicos já falecidos ou os locais onde eles trabalharam. O infeliz que recebeu esse nome grotesco, derivado do local onde foi descoberto, o Laboratório Lawrence Livermore, é um metal frustrado, bissexual e ainda por cima radioativo, como o polônio. De tanta vergonha diante de sua existência desgraçada, tem uma vida curtíssima, transformando-se em fleróvio, outro metal de nome bizarro, após soltar um raio alfa. Ou seja, troca-se uma vida infeliz por outra mais f***** ainda.

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