segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Ainda não temos nada relevante na arte

Já escrevi uma postagem sobre a arte em 2011 fazendo uma análise sucinta sobre este assunto no século XXI. Desde então nada significativo aconteceu.

Estamos vivendo, aparentemente, tempos de indigência artística. Por quê?

A arte chamada de 'pós-moderna', como é chamado o período posterior à queda do Muro de Berlim e a progressiva quebra da ilusão acerca do comunismo, ficou escrava do gosto do público, sem a marca do autor, excessivamente impessoal e às vezes apelando para o escândalo, como nas exposições envolvendo animais e gente, mortos, descarnados, retalhados, mumificados.

Existe um quadro que resume o status quo, de acordo com a definição de Jair Ferreira Santos, autor de O que é pós-moderno, de 2004:

Ou seja, esta é a pior época para se tentar alguma inovação na arte, a não ser com o uso da tecnologia, que ao mesmo tempo facilita o trabalho e 'engessa' a criatividade. Nem na Alemanha nazista, quando aquele odioso regime inventado por Hitler perseguia a chamada 'arte degenerada', houve algo tão refratário à renovação. A indústria cultural reflete o gosto do público pelo trivial, às vezes fazendo concessões excessivas ao 'kitsch', ao descartável e ao chamado "mau gosto", como se fôssemos brutos, e não gente decente. Quem não aderir a isso fica marginalizado.

Existe a impressão que qualquer um pode ser artista, devido ao uso dos "photoshops" e outros recursos a cada ano mais acessíveis, mas sem ter os conhecimentos adquiridos ao longo de séculos, muitas 'obras' tem valor artístico facilmente questionado e considerado nulo. Todo mundo acha que pode criar algo, mas estamos criando muitos 'memes' diante de situações fúteis, como a careta que determinada celebridade de Hollywood fez. Nunca o "ctrl-c" associado ao "ctrl-v" foi tão utilizado.

Até quando o chamado "pós-moderno", um reflexo do filistinismo cultural, durar, é difícil dizer, mas já estamos em 2014, e até agora não sabemos destacar uma única obra típica da nossa época que valha a pena ser chamada de arte. Shame on us! 


P.S.: A arte do cinema perdeu de forma brutal um dos maiores cineastas brasileiros, o documentarista Eduardo Coutinho, assassinado aos 80 anos pelo próprio filho, que sofreu um surto psicótico. Deus tenha piedade dele. E de nós, brasileiros, que não sabemos valorizar nossos talentos.

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