sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Os 30 anos da Sapucaí e os 10 sambas inesquecíveis

Em 1984, naquela década tão falada na série 'oitentolatria', o Sambódromo carioca foi usado pela primeira vez. É uma das obras do imortal Niemeyer, executando uma idéia de Darcy Ribeiro, o antropólogo, no governo de Leonel Brizola. Os três eram o que se convencionou chamar de "esquerda", quando esse termo fazia mais sentido, quando o "direitista" regime militar agonizava.

Mas não falaremos aqui de política e sim de samba, para o qual o espaço na Avenida Marquês de Sapucaí foi criado. Vários desfiles foram feitos por lá, mas dez não me saíram da cabeça até hoje. Os sambas-enredo não estão em ordem cronológica.

1. Peguei um Ita no Norte (1993), da Salgueiro, cantado até hoje. "Explode coração na maior felicidade...". Ganhou o desfile e foi aclamado.

2. Liberdade, Liberdade (1989), grande sucesso da Imperatriz Leopoldinense, campeã daquele ano: "Abre as asas sobre nós...".

3. Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia (1989), criação de Joãozinho Trinta para a Beija-Flor, foi páreo duro para a Imperatriz Leopoldinense. Ficou no vice. "Mesmo proibido, olhai por nós", como dizia a faixa do Cristo mendigo que fez a escola comprar briga com a Igreja Católica. 

4. Todo Mundo Nasceu Nu! (1990), também de Joãozinho Trinta, igualmente para a Beija-Flor. A escola de Nilópolis mais uma vez teve de se contentar com o vice-campeonato, mas fez todo cantar "Vestiu na frente, cobriu atrás..."

5. Trevas! Luz! (1997), outra criação de Joãozinho Trinta, desta vez para a Viradouro. Ficou famosa pela batida "funk" que não agradou todos os jurados mas caiu no gosto do público. 

6. Kizomba (1988), enredo da Vila Isabel, que quebrou o favoritismo das escolas maiores com um belo desfile: "Kizomba é a nossa Constituição".

7. Atrás da Verde-e-Rosa (1998), da tradicional Mangueira. Este samba-enredo cantava "Atrás da Verde-e-Rosa só não vai quem já morreu!", e empolgou a Avenida, mas por outros problemas como evolução e alegorias, a escola amargou uma má colocação. 

8. Brazil com "z" é Cabra da Peste (2002), também da Mangueira. A escola homenageou o Nordeste e, na voz do já idoso Jamelão, conquistou a Avenida e, desta vez, levou o título. "Vou invadir o Nordeste..."

9. Chuê, Chuá, As Águas Vão Rolar (1991), da Mocidade Independente de Padre Miguel, campeã daquele ano, com muito luxo e água de verdade. "É de chuê chuê, é de chuê chuá..."

10. É Segredo (2010), um dos mais memoráveis sambas-enredo dos tempos atuais, feito pela Unidos da Tijuca, que ganhou o desfile daquele ano e encerrou um jejum de décadas da escola. "É segredo, não conte a ninguém..."

Vários outros sambas-enredos da era Sambódromo também são lembrados por muita gente. Esta é a minha lista particular. Voltarei a postar na quarta-feira de Cinzas.

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