Como temia o governo, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi eleito presidente da Câmara. Ele é um severo crítico do PT e contava com o apoio do chamado "baixo clero", aqueles parlamentares sem expressão que mal aparecem na mídia, a não ser na TV Câmara, emissora de audiência quase nula.
Para tentar deter o sucesso de Cunha, o governo lançou a candidatura de Arlindo Chinaglia (PT-SP), visto como dócil às diretrizes do partido e do Executivo, e apoiado também pelo PDT, PCdoB, PSD e PROS.
Parte do PSDB estava querendo apoiar Cunha, mas a velha guarda, que havia vetado o apoio ao peemedebista, passou a apoiar Júlio Delgado (PSB-MG), apoiado pelo PPS e pelo PV, todos de oposição.
Chico Alencar (PSOL-RJ) foi o quarto candidato, mas sabia que tinha poucas chances.
Ontem, às 18h, a eleição foi realizada. Foram 267 votos para Eduardo Cunha, 136 para Chinaglia e 100 para Delgado. Alencar recebeu apenas 8 votos.
Cunha, em seu discurso, disse que manterá a independência do Legislativo. O Planalto, portanto, terá poucas chances de fazer o Congresso se dobrar às suas vontades, a não ser na base da compra de votos, como já é de praxe. Diminuem as chances de, por exemplo, impor um controle da mídia ou evitar uma CPI da Petrobras. Por outro lado, o presidente eleito da Câmara promete equiparar os salários dos parlamentares aos do STF e fazer aprovar o Orçamento Impositivo, para financiar emendas dos deputados, que podem ser dos interesses de seus eleitores ou não. Com o NOSSO DINHEIRO, portanto, o Congresso será implacável e não terá piedade (em grau bem menor do que os envolvidos no Mensalão e no Petrolão, diga-se).
Eduardo Cunha não vai fazer o Congresso dizer "amém" ao Planalto
Arlindo Chinaglia também tinha propostas parecidas, com a exceção da CPI e do controle da mídia.
Com este cenário, constituído de novos parlamentares e uma Presidência com discurso "independente" do Executivo, Dilma terá muito trabalho pela frente. Restará contar com a fidelidade do Senado, que também elegeu seu presidente: é Renan Calheiros (PMDB-AL), velho conhecido, calejado na arte de liderar os colegas senadores e de tentar driblar as dezenas de denúncias que o atingem.
Os eleitores brasileiros e a mídia também devem ficar atentos aos novos acontecimentos vindos da Praça dos Três Poderes.
Os eleitores brasileiros e a mídia também devem ficar atentos aos novos acontecimentos vindos da Praça dos Três Poderes.
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