terça-feira, 20 de outubro de 2015

100 anos de Grande Otelo

No dia 18 de outubro de 1915, nasceu Grande Otelo, pseudônimo de Sebastião Bernardes de Souza Prata. Portanto, seus 100 anos de nascimento foram anteontem. 

Infelizmente, nestes tempos pobres em boas referências no meio artístico, pouca gente se lembrou. Apenas Uberlândia, a cidade onde ele nasceu, e em alguns meios intelectuais e da imprensa, houve homenagens a um dos maiores atores brasileiros. 

Venceu o preconceito racial, ainda mais escancarado em sua época. Seu pai foi assassinado. Por outro lado, sua mãe era acometida pelo alcoolismo. Era ironizado por ser, além de negro, de baixa estatura. Foi na adolescência que recebeu o apelido de "Grande Otelo". Teve de mostrar seu talento e tanto fez que, ao trabalhar no filme É Tudo Verdade, de 1942, sob direção do lendário Orson Welles, foi elogiado e considerado o maior ator do Brasil. Mostrou isso nos filmes da Atlântida, fazendo parceria com Oscarito. Seu auge foi na década de 1960, fazendo o antológico Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, encarnando o personagem principal "jovem". A partir daí, quando se pensa no personagem de Mário de Andrade, logo vem a figura de Grande Otelo na cabeça, com aquele ar de preguiça contagiosa. Não fez muitos trabalhos na televisão, mas ainda pode ser visto de vez em quanto no Canal Viva, fazendo o seu Eustáquio, um dos vários alunos que fazem o Professor Raimundo lamentar o fato de ser professor. 
 
Grande Otelo como Macunaíma

Ele foi o representante de uma geração de atores talentosos, como Fernanda Montenegro, Paulo Autran, Paulo Gracindo, Bibi Ferreira, Tônia Carrero, Oscarito, Cacilda Becker, entre vários outros. Não se pode ter a pachorra de comparar os atores da nova geração (isto é, os nascidos a partir de 1981) com eles, ainda mais aqueles que se formaram na televisão. 

Grande Otelo não está mais entre nós, pois em 1993 sofreu um infarto quando esteve em Paris para receber uma homenagem, e não resistiu. Mas seu exemplo e sua memória devem ser preservadas, para guiar os postulantes à carreira de ator e manter viva a chama da cultura brasileira, atualmente tão violentada pelos funks, sertanejos "universitários", modismos, profusão de rostos bonitos nas telas nas Malhações da vida, etc.

Em tempo: Yona Magalhães, uma representante da "velha guarda" da dramaturgia nacional, morreu hoje. É mais um talento para deixar saudade. Ela ficou conhecida pelas várias novelas, como a mocinha sonhadora das novelas dos anos 1960 (Sheik de Agadir) e a fogosa Mathilde, a dona da boate de Roque Santeiro, além de outros trabalhos (Saramandaia, Tieta, A Próxima Vítima).

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