quinta-feira, 29 de outubro de 2015

China revoga política do "filho único"

Elogiada por uns como exemplo de planejamento familiar e execrada por outros como inaceitável interferência do Estado no cotidiano das pessoas, a política do filho único não existe mais na China, o país mais populoso do mundo. 

Durante a vigência desta norma, em 1978, muitos pais recorreram a abortos quando o bebê gerado era menina, privilegiando o nascimento de meninos. Com isso, houve uma distorção: a cada 100 mulheres, há 106 homens. O gráfico do site da Mirror, revista britânica, mostra a defasagem que foi se acumulando: 
Isso gera um verdadeiro exército de solteiros, refletindo em desajustes sociais e mentais, e aumento de crimes violentos.

Além disso, a população chinesa está envelhecendo rapidamente, fazendo diminuir a proporção de gente com idade economicamente ativa. Há uma expressiva população idosa e o número de crianças, que garantiria mão-de-obra no futuro, está bastante baixo (ver gráfico abaixo, extraído da Wikipedia com base no censo de 2010). O crescimento populacional é de apenas 0,47%, segundo dados estatísticos realizados em 2009. Há a tendência da enorme população chinesa começar a diminuir por volta de 2030. 


A curto prazo, faltaria mão de obra e a economia chinesa não conseguiria sustentar seu crescimento, ainda relativamente vigoroso apesar da queda nos últimos anos, já digna de preocupação para o restante do mundo. 

Outro fator é a menor proporção de chineses propriamente ditos na população do país asiático. Eles se concentram no leste. A maior parte do território é habitada por povos de outras origens, como tibetanos, mongóis e uigures (povo de origem turca). Esses povos estão bem menos sujeitos ao controle populacional.

Isso não significa que os chineses vão começar a fazer três, quatro, cinco filhos, mesmo porque não há condições econômicas (nem espaço) para isso. A tutela do governo irá continuar, e serão tolerados dois filhos de quaisquer gêneros, não mais do que isso.

Esses fatores motivaram a mudança de uma das mais contravertidas políticas de controle de natalidade já feitas neste mundo.

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