terça-feira, 13 de outubro de 2015

Um neologismo para definir a situação brasileira

Criaram um neologismo para descrever o atual panorama do Brasil. O termo é kakistocracia. Em grego, "o governo dos piores", combinação do prefixo kakistos (superlativo de kakos - ruim) e do sufixo cracia (governo).

Vários artigos, a maior parte deles em espanhol, referem-se a esta anomalia política, provavelmente inventada em 1944 por Frederick M. Lumley (em inglês, kakistocracy), no Dictionary of Sociology, para descrever o governo de pessoas obtusas, ignorantes, sórdidas e capazes de tudo para se manterem no governo, até as piores torpezas. É, segundo um estudioso do termo, o italiano Michelangelo Bovero, a combinação das três formas degeneradas de governo, segundo Aristóteles: oligarquia, demagogia e tirania. 

Parece, no Brasil atual, uma palavra adequada. Um governo apenas relativamente legítimo (eleito democraticamente em eleições não fraudadas, mas à custa de baixaria no horário eleitoral e mentiras), considerado demagogo e apoiado por oligarquias corruptas, preocupado apenas em se manter no poder a todo custo, cujos elementos já foram xingados por toda sorte de adjetivos (desde ladrões, vermes, sacripantas até termos impublicáveis, piores e mais ofensivos do que filhos da p...), cuja oposição é formada por oportunistas (muitos deles alvos também dos mesmos impropérios acima) e um presidente da Câmara acusado de ter contas secretas na Suíça.

Não se pode tolerar um estado de coisas assim, mesmo se vivêssemos num país socialmente justo, algo bem longe da nossa realidade.

Temos vários problemas e não há gente com suficiente vontade para encará-los. Corremos o risco de ver a inflação alcançar os dois dígitos em 2015, o PIB encolher 3% e os criminosos a determinar nossos hábitos de vida, agindo com violência e a qualquer hora do dia.

Quando não se tem vontade, algumas de Vossas Excelências tentam esconder (ou não) a conivência e até a colaboração com a bandalheira, sob forma de esquemas para desviar o dinheiro público e até a participação em tráfico de drogas e assassinatos.

O governo não se preocupa com eles, desde que não atrapalhe a tal "governabilidade", ou seja, agir a seu bel prazer mesmo que isso signifique tornar o país ainda mais inviável.

Falta a nossos representantes um mínimo de esforço para serem lembrados como estadistas. Parte da culpa é de um sistema eleitoral degenerado. Porém, boa parte da culpa é nossa, por nossa falta de discernimento durante o voto e comportamento muito complacente com os maus feitos. Talvez leve algumas décadas para isso mudar definitivamente, quando o Brasil valorizar a ética e a educação (no sentido mais amplo da palavra). 

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