segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Começou a campanha!

Periodicamente, este blog vai abordar as eleições mais estranhas da história do Brasil, marcadas por uma série de restrições, que esperamos serem temporárias. Nada de aglomerações, nem cumprimento de candidatos aos eleitores. O calendário eleitoral também está totalmente modificado, e as datas para votar são em novembro. Não muda a obrigatoriedade de voto, e isso é lamentável, mas faz parte das regras do jogo. 

Não anima nem um pouco ter uma porção de candidatos à prefeitura, aparentemente não à altura da enorme responsabilidade de governar a maior cidade do país. Este não é um feudo, como alguns políticos teimam em tratar as cidades menores. 

O atual prefeito, Bruno Covas (PSDB), está disputando, mas há dúvidas se a saúde deteriorada pelo câncer irá resistir a mais um mandato. Ele está em segundo na pesquisa Datafolha, com 20%, atrás do candidato do Republicanos, Celso Russomanno, com 29%. 

Russomanno tem a seu favor o apelo popular e está atrelado ao presidente Jair Bolsonaro, que também está em alta nas pesquisas, inclusive a Datafolha, devido ao auxílio emergencial contra a COVID-19 e às constantes viagens para inauguração de obras. Os adversários já estão fazendo ataques a ele, mas não há garantias de sucesso, como nas outras vezes. Agora acusam a filha e o genro dele de explorarem pirâmides financeiras. Russomanno perdeu várias eleições após estar em primeiro nas pesquisas. 

 

Bruno Covas tenta a reeleição e tem o apoio do governador João Dória, mas vai enfrentar o favorito Celso Russomanno (Divulgação/Revista Exame)

Guilherme Boulos (PSOL) está em terceiro no Datafolha, com 9%, e promete seguir o caminho de atacar os outros candidatos. Ele falou dos 50 tons de Temer em 2018 e decerto vai acusar seus oponentes de serem mais ou menos bolsonaristas, ao mesmo tempo que vai tentar falar dos problemas da cidade com o seu estilo combativo, e explorar o eleitorado anti-Bolsonaro.

O ex-governador Márcio França (PSB) está logo atrás, com 8%, e seu eleitorado é "progressista", embora em 2018, na campanha para a reeleição, França tivesse apoio de alguns políticos "conservadores", como o Major Olímpio (PSL). 

Arthur do Val, o "Mamãe Falei" (Patriota), é conhecido por sua militância no MBL e seu combate contra a "esquerda" e, também, contra os bolsonaristas e olavistas, considerados "seitas"; "Mamãe Falei" tem somente 2% das intenções de voto e é conhecido apenas pelos simpatizantes do MBL. 

Jilmar Tatto (PT) tem também apenas 2% e reflete o desprestígio dos petistas na capital paulista, principalmente nos últimos anos, quando o partido foi associado ao Petrolão e à roubalheira sistematizada. Ele tem o desafio de apagar essa imagem ruim, mas será difícil. 

Andrea Matarazzo (PSD) também conta com uma porcentagem relativamente baixa nas intenções de voto, mas deve atrair o eleitorado considerado de "centro", que não suporta a ideia de ver Russomanno ou Boulos na prefeitura. O PSD faz parte do "centrão", o bloco de partidos que antes apoiava o governo Lula e agora está com Bolsonaro. 

Vera Lúcia (PSTU) é mais uma candidata que abraça o socialismo; ela é a mulher com mais intenções de votos (2%) e certamente vai abordar a questão do racismo, por ser negra, e tentará atacar o capitalismo de forma mais dogmática do que Boulos. 

Joice Hasselmann (PSL) só tem 1% das intenções de votos e, como Arthur do Val, quer explorar o nicho dos conservadores que não confiam no presidente Jair Bolsonaro, e apoiam a Lava Jato. Curiosamente, o filho "03" do presidente, Eduardo Bolsonaro, ainda está no PSL. 

Levy Fidelix (PRTB) está se candidatando de novo e não vai falar do "aerotrem", como no passado, mas quer crescer nas pesquisas como defensor do conservadorismo e das privatizações. 

Filipe Sabará (Novo) consta na pesquisa do Datafolha, mas está suspenso pelo próprio partido, por motivo ainda incerto. Sabará, recentemente, elogiou o ex-governador e ex-deputado Paulo Maluf, malvisto pela cúpula do partido. 

Marina Helou (Rede) é outra candidata para disputar o voto "progressista", mas praticamente ninguém a conhece. Isso pode mudar durante a campanha. 

Por outro lado, o ex-ministro do Esporte no governo Dilma Rousseff, Orlando Silva (PCdoB), também está na briga, mas enfrenta rejeição dos poucos que o conhecem, devido às acusações de corrupção - apesar de não haver investigação em curso - e à má fama dos partidos-satélites do PT na cidade.

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