... IGNOBEL!
Um dos ganhadores pelo prêmio de Economia da "Academia" foi o brasileiro Marco Antônio Correa Varella, por contribuir para os estudos sobre a relação entre a média anual de beijos na boca e a distribuição de renda. Felizmente, o nome foi bem pouco destacado, porque o outro brasileiro teve repercussão muito maior.
Foi nada menos que o nosso presidente da República, ao lado de figuras como Donald Trump, Daniel Ortega, Manuel Lopez Obrador, Narendra Modi, Boris Johnson e os ditadores da Bielorrússia e do Turcomenistão. O motivo? Suas gestões na pandemia de COVID-19, mostrando que políticos podem decidir mais a respeito da saúde da população do que médicos e profissionais de saúde.
Muitos questionaram a ausência de Xi Jinping na lista dos "agraciados", pois os primeiros casos de coronavírus surgiram na China e não houve empenho o bastante do governo chinês para evitar a propagação para outros países. Isso na visão benevolente, porque não faltam acusações de dolo, visando um projeto maquiavélico para a dominação mundial pelo Partido Comunista Chinês!
Aliás, os chineses foram lembrados, também, como exemplo de administração: um atirador subcontratou outro para fazer um servicinho sujo (um assassinato qualquer), mas no lugar disso o contratado foi convocar outro, e este foi delegar o "trabalho" para outro, e assim foi, e no final ninguém fez o combinado.
O prêmio foi muito comentado na UOL, na Folha, no Estadão, no Globo, e em outras mídias que um dos premiados adora falar (mal)... |
Não houve só isso: tentaram estudar o efeito do gás hélio num jacaré, entomologistas com medo de aranhas, uso de altas frequências para fazerem vibrar uma minhoca, análise de sobrancelhas para verificar se uma pessoa é narcisista, faca feita de fezes congeladas e a incrível ciência da misofonia, para o nobre estudo da aversão ao barulho de pessoas mastigando (realmente, não é muito agradável, principalmente se forem mastigar de boca aberta)... e a contribuição dos governos da Índia e do Paquistão para a paz mundial ao permitirem que seus diplomatas toquem a campainha e saiam correndo.
Mas voltemos ao caso dos brasileiros ganhadores. Bolsonaro e o pesquisador dos beijos na boca contribuíram para o incremento do PIB brasileiro com dois trilhões de dólares... zimbabuanos. Nem mesmo economistas renomados saberiam o valor dessa fortuna, pois o Zimbábue passa por um processo ultrainflacionário. Em agosto último, a taxa de desvalorização era de 761,02% (*). Na prática, desde 2009 essa moeda não circula mais.
Até agora, foram quatro prêmios IgNobel dados a alguma pessoa ou equipe brasileiras. Primeiro, em 2008, foram os estudos de Astolfo Gomes de Mello Araújo, arqueólogo da USP, sobre estragos de tesouros arqueológicos por tatus. Nove anos depois, biólogos da UFPE pesquisaram sobre morcegos que deixaram de sugar sangue de aves para literalmente vampirizar seres humanos.
Mais dois prêmios por "feitos que nos fazem rir e depois pensar" e o Brasil já será hexacampeão em IgNobel. Pode acontecer isso antes do hexacampeonato numa Copa do Mundo. Ou antes de algum brasileiro ganhar o Nobel.
N. do A.: Poe falar em hexacampeonato, o técnico Tite convocou os jogadores para as Eliminatórias da Copa de 2022. Os jogos acontecerão em outubro, contra Bolívia e Peru. Todos têm certeza que o Brasil vai se classificar para a Copa, mas quando se fala em hexacampeonato agora, a história é totalmente diferente.
(*) Fonte: Tradingeconomics.com / Reserve Bank of Zimbabwe
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