segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Estamos avançando no conhecimento

Embora estejamos sofrendo por causa de uma pandemia excessivamente prolongada, capaz de gerar questionamentos sobre a capacidade de sobrevivência da civilização, dois trabalhos exemplificam a capacidade humana de expandir o conhecimento. 

Vênus voltou a chamar a atenção dos "terráqueos" devido à concentração de fosfina em sua atmosfera - indício de vida extraterrena baseada em DNA (JAXA / ISAS / AKATSUKI PROJECT TEAM)

Comecemos pelo trabalho de alcance mundial: astrônomos e geoquímicos concluíram anos de estudo, utilizando o telescópio James C. Maxwell, no Havaí, e o Observatório Europeu do Sul, localizado no Chile. Por meio de análises por espectrofotometria, descobriram um gás aparentemente estranho para a atmosfera de Vênus, o planeta mais próximo da Terra e onde não se cogitava haver forma de vida alguma devido à atmosfera mortífera. O gás em questão é a fosfina (PH3), produto da decomposição de alguns fertilizantes à base de fósforo, e também usado na dopagem do silício para a produção de semicondutores. É incrivelmente instável, mortífero e explosivo. 

Foram encontradas concentrações da ordem de 20 partes de fosfina por bilhão (ppb), algo impossível de ser obtido por meios não biológicos. Altas concentrações de fosfina são encontradas, aqui, em lugares onde há micro-organismos anaeróbios (cuja vida não depende do oxigênio). 

O trabalho foi publicado na revista Nature Astronomy (Phosphine gas in the cloud decks of Venus), e deve despertar novas missões espaciais no planeta conhecido como "estrela d'alva". Missões americanas e soviéticas de curta duração foram feitas nas décadas de 1960 e 1970, e houve poucos trabalhos feitos por europeus (Venus Express) e japoneses (missão Akatsuki). 

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Outro trabalho chamou a atenção por aqui, e tem aplicação mais prática a curto prazo, pois envolve o famigerado coronavírus: químicos da UFMG desenvolveram um gel contendo INNIB-41, espécie de polioxoniobato, ou seja, um sal de nióbio. Testes mostraram eficácia do produto para desinfetar ambientes por 24 horas, destruindo ou inativando bactérias, vírus e outros micro-organismos. O nióbio é um metal muito estimado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores, mas para outros fins, como ligas metálicas para a indústria aeroespacial. O solo brasileiro possui algumas das maiores reservas desse mineral. 

Utilizado em pequenas concentrações, diluído em água, seu custo de fabricação é considerado baixo, e será usado como higienizador de mãos e de máscaras (enquanto elas forem necessárias). 


N. do A.: Nossa capacidade científica e tecnológica ainda é limitada em muitos aspectos, principalmente no Brasil, onde há ainda frequentes quedas de sinal oferecidas pelas operadoras de banda larga. Na sexta-feira e hoje, houve instabilidades na banda larga fixa da Claro (NET), em São Paulo. Houve outros casos envolvendo também a Vivo, neste ano, em outros locais. 

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