sexta-feira, 19 de março de 2021

E no Brasil?

Desde o final deste ano, quando foi lançado o livro Apollo's Arrow: the Profound and Enduring Impact of Coronavirus on the Way We Live ("A Flecha de Apolo: Os profundos e duradouros impactos do coronavírus no nosso modo de viver"), o sociólogo Nicholas Christakis ganhou destaque na mídia. 

Ele analisou as características das pandemias e determinou algo parecido com o ocorrido após a gripe espanhola de 1918-1919, pelo menos nos Estados Unidos: após o recolhimento e o medo do contágio, as pessoas experimentarão um período de grandes interações sociais, gastança desenfreada e aumento na busca por sexo e outros prazeres. Isso terminou com a grande crise de 1929 e os eventos imediatamente anteriores à II Guerra Mundial. 

Esses "loucos anos 20" podem ter uma versão no século XXI, mas só a partir de 2024, quando a vacinação tiver imunizado boa parte das pessoas e a epidemia de COVID-19 estiver sob controle. Aliás, o livro destaca a velocidade recorde na obtenção das vacinas, enquanto a gripe espanhola matou, mas deixou de ser uma ameaça sem a ação de um imunizante. 

O livro destaca as semelhanças e diferenças entre a COVID-19 e a gripe espanhola (Divulgação)

Por aqui no Brasil, como as pessoas se comportarão? A realidade do nosso país é muito diferente da dos Estados Unidos, apesar de ambos estarem sofrendo severamente com o novo coronavírus. Se repetirmos os acontecimentos de 100 anos atrás, teremos revoltas como o Tenentismo, descontentamento geral, estado de sítio (governo Artur Bernardes) e deposição de governantes (como aconteceu com Washington Luiz). 

Devemos fazer observações importantes: o Brasil e os Estados Unidos de 100 anos atrás são muito diferentes dos atuais, pois não havia Internet, cidades superpopulosas e nem os confortos da vida atual, e as questões sociais (e raciais) eram tratadas de outra maneira. Os anos 1920 eram a chamada "era do jazz" e houve a Semana da Arte Moderna. Agora o gosto artístico "pós-moderno" parece bem alterado... 

De qualquer forma, a nossa normalidade institucional está tomando um caminho perigoso. Aliás, estamos em perigo de ver nossa democracia morrer desde as falcatruas feitas no Quadrilhão do PT, culminando com o descontentamento e o ressentimento, impulsionadores da Lava Jato e da eleição de Jair Bolsonaro, que não tem e nunca teve muito apego à democracia, apesar da sua pregação inconvincente a favor da liberdade e contra as medidas para conter a pandemia, para muitos consideradas discricionárias, sufocantes e inúteis, pois poucos estão conseguindo (ou tendo a boa vontade de) obedecê-las e o vírus continua a matar idosos e jovens, com ou sem comorbidades. 

Torçamos para o Brasil chegar ao período de pós-pandemia com alguma sanidade nas mentes dos governantes e dos formadores de opinião, para o país voltar a trilhar o caminho da prosperidade. 

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