Chegamos à chamada época atual dos quadrinhos, a "Era Moderna" ou "Era Sombria", iniciada em 1985 com a "Crise nas Infinitas Terras", da DC. Por ser um período muito longo e heterogêneo, este blog vai dividí-lo em três:
- de 1985 a 2005: da "Crise" até a "Dinastia M", da Marvel;
- de 2005 a 2016: da "Dinastia M" até a ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos;
- de 2016 em diante: os eventos atuais.
A chamada "Era Moderna", ou "Era Sombria", começou com uma sucessão de lançamentos, como O Cavaleiro das Trevas (1986) e A Queda de Murdock (1986), de Frank Miller, mostrando um Batman ainda mais sombrio e violento; Watchmen (1986), de Alan Moore e Dave Gibbons; V de Vingança (lançado em 1988 nos Estados Unidos), também de Moore. O "Cavaleiro das Trevas" ganhou grande destaque nesta época, com grandes acontecimentos narrados em A Piada Mortal e O Longo Dia das Bruxas. Depois, as tragédias acontecem aos borbotões, como Massacre de Mutantes, Morte na Família (Coringa mata Jason Todd, o segundo Robin), A Morte do Superman e A Queda do Morcego.
O Batman estava implacável em O Cavaleiro das Trevas, chegando a brigar com o Superman (e venceu!) (DC Comics) |
Como se pode notar, os heróis mais tradicionais foram mostrados em situações de vulnerabilidade. Superman foi morto pelo grotesco alienígena Doomsday e Batman teve a coluna vertebral partida pelo vilão Bane após se desgastar enfrentando vários outros inimigos. Os X-Men foram perseguidos como nunca, primeiro na já referida saga Massacre de Mutantes, depois na Era de Apocalipse enfrentando o terrível Eh Sabah Nur, foram obliterados junto com o Quarteto Fantástico e os Vingadores na saga Massacre, renascidos depois em Heróis Renascem, tornaram-se conhecidos como "Filhos do Átomo" na saga de mesmo nome e entraram em conflito com os Vingadores (X-Men vs Vingadores). Este grupo também estava em apuros, assim como a editora em si, afundada numa crise após queda nas vendas. Os Vingadores enfrentaram perigos como o Alto Evolucionário (1988) e, principalmente, Thanos (Destino Infinito, Guerra Infinita). Morreram e renasceram, para serem atacados por uma Feiticeira Escarlate enlouquecida após perder os filhos, Billy e Tommy, que teve com o Visão (Vingadores: A Queda).
Ascenderam personagens de moral duvidosa, como os personagens de Watchmen, a exemplo do misterioso Rorschach e o maquiavélico Ozymandias, sem falar no Doutor Manhattan, um ser poderosíssimo, apático e sem nenhuma moralidade. Anti-heróis surgiram, como Deadpool, o mercenário tagarela. Vilões foram forçados a fazer atos heróicos, nos grupos conhecidos como Thunderbolts (Marvel) e Esquadrão Suicida (DC), liderados por mentes como o Barão Zemo e Amanda Waller, respectivamente.
Outras editoras como a Image Comics surgiram, explorando personagens torturados como Spawn, criado por Todd McFarlane. A editora lançaria, em 2003, Invincible, colocando mais sangue e violência nas histórias de heróis. A Image aproveitou enquanto Marvel e DC estavam enfrentando crise nas vendas de quadrinhos. Se a primeira ameaçou até falir, precisando vender franquias de seus personagens para estúdios de cinema como a Fox e a Sony, a segunda se concentrava nas animações pela televisão (Batman, Batman Beyond, Liga da Justiça, Liga da Justiça Sem Limites e Teen Titans).
Pouco depois, na Marvel, após o crossover desenhado por George Perez (Liga da Justiça vs. Vingadores) e os eventos de Vingadores: A Queda, o grupo liderado pelo Capitão América e o Homem de Ferro precisaram controlar a Feiticeira Escarlate, que alterou toda a realidade e fez ressuscitar não só os filhos, mas antigos personagens, como Gwen Stacy; para piorar, ela fez Magneto, seu suposto pai, tornar-se o tirano do mundo. No final, ela pronunciou a famigerada frase "Chega de mutantes", e com isso quase exterminou a raça dos "Filhos do Átomo".
A Feiticeira Escarlate teve grande destaque na Era Moderna, alterando os rumos do multiverso da Marvel completamente com seus poderes (Marvel Comics) |
Na DC, a situação também estava caótica. Além de Superman e Batman, a Mulher Maravilha também passou por um período difícil, entrando em guerra com os deuses, e o mais famoso dos Lanternas Verdes, Hal Jordan, foi morto e incorporado pelo ser conhecido como Parallax, tornando-se uma ameaça ao mundo. Barbara Gordon, a mais famosa das Batgirls, perdeu os movimentos das pernas após um sádico ataque do Coringa em A Piada Mortal e se tornou a Oráculo. Superman ressuscitou e os autores colocaram as ideias mais absurdas para renová-lo, inclusive os infames "Supermen Vermelho e Azul", enquanto a editora fez retornar a versão mais antiga de Superman, chamada então de Kal-L. A Supergirl, morta na Crise nas Infinitas Terras, ressurgiu mais tarde, enquanto o Superboy, que teve sua história apagada com a crise, voltou como um clone do Projeto Cadmus com genes de Superman e Lex Luthor. A DC consolidou sua fama como "A editora das Crises", mostrando que não conseguiu arrumar a bagunça das tramas com a unificação das Terras, publicando sagas como Zero Hora, Crise de Identidade e Crise Infinita. Esta última chocou os leitores com a morte de Kal-L por um Superboy enlouquecido de uma realidade onde heróis não existiam, o chamado "Primordial", e o ressurgimento das Terras destruídas pela Crise das Infinitas Terras.
Como se pode notar, os heróis tiveram uma "existência" muito dura e acidentada neste período, mas ainda não chegaram a adotar completamente a cartilha dos modernos "defensores dos oprimidos" (segundo o conceito do "politicamente correto" em voga desde o início dos anos 1990). Na próxima postagem, será mostrado como este conceito foi afetando a "nona arte".
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